Viaje Mais - Edição 190 (2017-03)

(Antfer) #1
VIAJEMAIS^57

e a boa vida já começa no aero-
porto. “Agora você só verá a sua
mala no quarto da embarcação.
Nem precisará recolhê-la da es-
teira. Nos encarregaremos de
tudo”, avisou-me o funcionário
da Belmond antes do check-
-in. E assim foi. Em Mandalay, a
bordo de um carro com um guia
só para mim, antes de embarcar,
fui levada à Sagaing Hill, uma
montanha inteira dedicada so-
mente às construções religiosas:
há apenas templos, santuários,
mosteiros e os hospitais ergui-
dos com o apoio dos monges. O
visual do alto é espetacular, es-


pecialmente do Soon Oo Ponya-
shin, um dos templos mais anti-
gos do país, construído há mais
de 700 anos, em 1312. Tire os
sapatos e caminhe. É bem pro-
vável que você irá andar junto
a dezenas de monges que vão
ali rezar ou se inspirar contem-
plando o visual.
A parada seguinte é uma esco-
la para monjas, onde vive Wanna
Wati, que, aos 46 anos, é a mais
antiga moradora: vive lá desde os
nove anos. “Quer ficar por aqui?
Você só terá de perder todo o
cabelo e alguns quilos, já que al-
moçamos ao meio-dia e depois

não comemos mais nada”, con-
vidou-me, simpatizando com es-
ta jornalista brasileira. Com a mi-
nha pronta resposta, dizendo que
“emagrecer tudo bem, mas raspar
o cabelo, não”, Wanna deve ter
percebido que eu não estava lá
muito pronta para tamanho in-
tensivo espiritual. Por enquanto
então o negócio foi aceitar o con-
vite para conhecer o quarto dela,
encontrando pelos corredores al-
gumas das 100 estudantes viven-
do o dia a dia, como varrendo o
chão ou preparando o almoço.
Wanna tem a sorte de viver
em uma cidade iluminada. Man-

À esq., os monges que estão por todo lado em Myanmar; à dir., a thanaka, planta com a qual os nativos pintam o rosto

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NATÁLIA MANCZYK

A exuberante Shwedagon
Pagoda, em Yangon: não
faz parte do roteiro, mas
todo mundo vai
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