Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

RENATA CAFARDO - O preço da escola aberta


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Já que as crianças estão indo para a escola, então
podemos jantar fora, chamar amigos em casa, fazer
festões. É assim que boa parte das classes média e alta
de São Paulo parece estar raciocinando. Mas o
pensamento deveria ser radicalmente oposto. Há um
preço alto - e totalmente justificável - para se manter as
escolas abertas.


A Europa entendeu isso depois de passar pela primeira
onda sem nenhum ensino presencial. Agora, na
segunda, pós-verão de praias e cafés cheios, governos
de França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Escócia
passaram a decretar novos lockdowns.


No fim de outubro começaram a fechar restaurantes,
mandar funcionários de volta ao home office, restringir
encontros sociais a duas famílias. Mas mantiveram as
escolas abertas. O governo de Angela Merkel falou até
em usar hotéis e bares, fechados pela pandemia, como
alternativa para ter mais espaço para as aulas. A ideia é
clara: para que possamos educar as crianças,
precisamos restringir ao máximo todo o restante.


Nova York não conseguiu o mesmo, apesar de forte


discussão local. Nesta semana, o prefeito anunciou que
o ano letivo presencial, que tinha começado há apenas
oito semanas, teria de ser paralisado novamente porque
o número de casos estava fora de controle. Poucos dias
antes, The New York Times havia feito um editorial
intitulado Keep Schools Open, New York (Mantenha as
escolas abertas, Nova York). Dizia que a cidade deveria
"priorizar a educação das crianças" e fechar bares,
academias e cultos religiosos. Depois da medida, um
pediatra colunista do jornal escreveu que as evidências
já mostraram que as salas de aula, quando seguem os
protocolos, não são locais de grande transmissão e que
a decisão da cidade era inexplicável.

No Brasil, quando essa discussão se intensificou em
setembro e educadores respeitados foram a público
dizer que os bares deveriam fechar e as escolas, abrir,
houve todo tipo de argumento contra e pouco
convincente. De que as crianças não conseguem usar
máscaras, de que ninguém é obrigado a frequentar
bares, de que os alunos iriam levar a doença para seus
familiares.

E o que se vê hoje, após mais de um mês de escolas
abertas, é o reflexo do que pesquisas científicas em
vários países já vinham apontando. Entre os colégios
particulares de elite que responderam à enquete do
Estadão, houve apenas dois infectados nesse período
entre alunos ou entre professores.

A única escola que teve problemas foi justamente pelo
que os estudantes fizeram fora dela. Como o Estadão
revelou, a Graded School teve de fechar suas atividades
presenciais porque seis alunos testaram positivo e 17
professores estavam com suspeita da doença em uma
semana. A direção descobriu que centenas de
estudantes da Graded tinham participado de festas nos
fins de semana. "O problema não está na escola", disse
David Uip, também ao Estadão. O perigo é a casa
contaminar o colégio, e não o contrário.

Não dá para desconsiderar o quanto todos, adultos,
jovens e crianças, estamos cansados de uma vida há
Free download pdf