26. EXAME. DEZEMBRO 2020
P
ode não ser consensual que as crises
sejam os momentos certos para criar as
culturas das empresas. Mas o que apa-
renta ser certo é que as empresas com
culturas fracas saem fragilizadas em
tempos de crise. Já as que conseguiram construir cul-
turas fortes, ao longo dos últimos anos, tenderão a sair
reforçadas. Os novos padrões de trabalho gerados pela
pandemia serviram como uma espécie de teste do algo-
dão à solidez das culturas e das lideranças empresariais.
“No momento em que vivemos, que é de enorme
transformação, a cultura é o facilitador para o cresci-
mento”, defendeu Pedro Amorim. O managing director
da Experis Portugal indicou que “os líderes transparen-
tes e que conseguem gerar confiança nas suas equipas”
terão muito maior probabilidade de superar os desafios
colocados em fases como a que vivemos. O especialis-
ta considera que os gestores de “empresas que não se
adaptaram, e que tiveram a dissonância entre o que é ser
líder e ser chefe, terão muitos problemas”, até porque o
padrão de trabalho que se observava antes da pandemia
poderá nunca mais regressar.
Também Pedro Afonso defende que “estes momen-
tos da verdade põem à prova o que andámos a fazer nos
últimos anos”. O CEO da Vinci Energies Portugal realça
que “o trabalho de desenvolvimento da cultura é feito a
longo prazo, em permanência e muito antes da chegada
dos problemas”. E conclui: “Não é nesta altura que se
desenvolve a cultura.” No entanto, essa perspetiva não
é consensual. Maria de Fátima Carioca, dean da AESE
Business School, refere que “tudo aquilo por que esta-
mos a passar são momentos fortes e podem ser muito
O GRANDE TESTE
À CULTURA
DAS EMPRESAS
Organizações que tenham construído
culturas fortes têm maior probabilidade
de superar esta crise que colocou
desafios que poucos esperavam
Texto Rui Barroso
IDENTIDADE