COM O APOIO
DEZEMBRO 2020. EXAME. 67
estar a ter uma reunião formal com uma
camisa e um blazer e, ainda, calças de
pijama. “Hoje em dia, as pessoas podem
ter o pijama e a pantufa associado a uma
camisa, a uma camiseira, a um blazer...
Porque têm de ter um aspeto sério, de es-
tar a trabalhar no andar de cima, e podem
estar a relaxar no andar de baixo”, atirou
com uma gargalhada Ana Paula.
Um quê de informalidade que pode
trazer algum divertimento ao setor segu-
rador, comummente conhecido por ser
dos mais clássicos, a par da banca. “É um
setor tradicional, mas quando falamos de
formalidade, há muitos mundos no setor
dos seguros: o mais formal, junto do cliente
virado para fora. Agora, nas áreas de cál-
culo, de marketing, mais virado para den-
tro, é mais informal”, garante Jessica. “Há
de tudo a acontecer. Há pessoas que nun-
ca foram formais!”, atira com um sorriso.
“Mas é claro que é um setor tradicional,
clássico, chato, até... no sentido em que
trabalhamos com base no azar, na venda
da probabilidade de haver um azar. Mas
a verdade é que trabalhamos na proteção
das pessoas. O nosso trabalho é proteger as
pessoas, mas as seguradoras também po-
dem tomar uma atitude nessa proteção. Foi
isso que vimos, aliás, nos últimos meses.
As seguradoras a irem para lá do que está
na lei, para proteger, para apoiar, para estar
presente.” As mudanças, no entanto, já se
começaram a sentir há mais tempo, sobre-
tudo após a crise financeira de 2011. “Há
uns anos, a pessoa comprava o seguro e co-
municava com a seguradora talvez uma vez
por ano, na renovação, para voltar a pagar.
Hoje, já não é assim, já temos muito mais
contacto com as pessoas, graças a aplica-
ções, com outras features e valências”, o
que obriga a um esforço constante de ino-
vação, de estratégia de comunicação para
estar mais perto do cliente, que também
ele é um consumidor diferente.
DE PORTUGAL PARA O MUNDO
No mesmo sentido, o facto de ambas as
executivas trabalharem em empresas com
presença internacional obriga a um maior
esforço de comunicação e de estratégia de
venda. Para Jessica, há duas regras funda-
mentais para trabalhar em outros merca-
dos: respeito e humildade. “Eu estou na área
de marketing internacional e estamos atual-
mente em 11 países, em quatro continentes.
E se em Portugal somos uma empresa líder,
em outros países estamos no top 3 e noutros
mercados estamos ainda a conquistar uma
posição. Temos de ser criativos, inovadores
e abertos”, porque não é possível ter a mes-
ma atitude em mercados onde não se tem
a mesma posição. “Podemos levar os nos-
sos 200 anos de experiência, mas temos de
pensar como fazê-lo. A nossa criatividade
tem de nascer da abertura. Por exemplo, o
meu principal foco das manhãs é trabalhar
com Macau, e logo de seguida África e Eu-
ropa e, no final do dia, a América Latina.
As necessidades são diferentes em qualquer
uma das regiões, ainda que possamos, às
vezes, enfrentar alguns problemas seme-
lhantes. E essas partilhas são importantes,
O setor da
moda é o mais
inovador que eu
conheço, desde
que estou cá
Ana Paula Rafael
CEO da Dielmar