COM O APOIO
DEZEMBRO 2020. EXAME. 69
Há ocasiões mais formais em que temos de
tratar as pessoas pelo título, mas, se estamos
no mesmo open space, isso não faz senti-
do”, defende. A especialista em marketing
aproveitou ainda a ocasião para explicar
que a Fidelidade tem levado a cabo várias
iniciativas que implicam dar, em projetos
específicos, funções diferentes às pessoas,
precisamente para perceber que perfil es-
tas podem ter e para que posições. Também
ajuda a horizontalizar hierarquias, uma vez
que, ao se atribuir a chefia de um projeto a
um colaborador, ele pode passar a chefiar
o seu superior formal. “É bom para quem
pensa em assumir cargos de liderança, mas
também para aqueles que descobrem que,
afinal, liderar não é o que querem fazer.” E
obriga, claro, a uma dose extra de humilda-
de por parte das chefias.
Outro projeto que passou a ter lugar na
Fidelidade, no sentido de melhorar a co-
municação e o envolvimento, é o do grupo
de Diversidade e Inclusão que Jessica lidera
desde a sua criação, uma vez que nasce por
sua sugestão. “Tomámos a decisão de que
esse grupo seria transversal a todas as áreas
do grupo, e até mesmo às várias empre-
sas do grupo. Estamos a tirar a fotografia
da empresa, a ver o que já existe, e quere-
mos que tudo fique agregado. O objetivo
é estimular dinâmicas que promovam a
diversidade e a inclusão, porque a Fideli-
dade é uma empresa líder, e há um cami-
nho de posicionamento e de cidadania que
a empresa tem de ter perante os outros”,
começa por explicar. “Esse grupo é pro-
fundamente impactante para nós – somos
uma dezena de pessoas –, e deram-nos a
liberdade para podermos trabalhar vários
temas. Falar de dificuldade e de inclusão
não é inovador, pode ser visto como uma
tendência, mas isto é a nossa vida. Pode-
mos ser uma mulher entre dez mulheres,
mas há enquadramentos em que vamos ser
uma ou das poucas entre muitos homens;
podemos ser a única que fez Gestão entre
todas as que estudaram Direito; podemos
ser a pessoa mais velha da sala... a diver-
sidade não é só nacionalidade, raça, géne-
ro. Há imensa coisa que é diversidade e é
isso que nós estamos a enaltecer”, conclui.
Declarações que foram ao encontro de
um dos ensinamentos que Ana Paula Ra-
fael considera fundamental que sobreviva
ao período de pandemia que atravessamos:
“As pessoas têm de ter a noção do coletivo.
Pensar e trabalhar em coletivo. É preciso
mesmo perder a ideia individualista do seu
ser, da sua cidade, do seu país.” No mesmo
sentido, a gestora espera que “a noção de
que todos temos de construir um mundo
melhor e de que a agenda do ambiente tem
de estar em toda a nossa vida” tenham vin-
do para ficar, “porque senão vamos ter de
construir outra arca de Noé”, brinca com
muita seriedade. E, por fim, defende, “nin-
guém tem dúvidas de que neste momento
é urgente que as pessoas pensem no futuro
e de que forma vão conseguir contribuir
para a sua cidade, para o mundo. Temos
de criar formas claras de reproduzir o valor
do trabalho – não o dos sindicatos, mas o
valor intrínseco da contribuição que cada
um vai fazer”. E
THE WORD
TO THE WOMEN
Um espaço em que todos
os assuntos vão ter lugar
> PORQUÊ ESTE PROJETO?
A Girl Talk nasce após muita reflexão
e para dar destaque a mulheres
que têm um papel fundamental na
sociedade e na economia, bem como
as iniciativas que elas protagonizam
ou em que estão envolvidas. Aqui, a
voz é feminina mas os assuntos são
globais. Falaremos de negócios, de
política, de educação, de economia,
de gestão e de Ciência, e de tudo o
mais que surgir. Todos os
meses, a Girl Talk tomará
o pequeno-almoço
com (pelo menos) duas
mulheres responsáveis
por projetos ou ideias de
destaque, para conhecer
a sua visão sobre o País e
o mundo, e para apren-
der com elas.
> E ALÉM DAS ENTREVISTAS?
Vamos selecionar personalidades
que estejam a destacar-se nas
diversas áreas do saber (Great
Minds) e apresentamos-lhe algumas
sugestões de livros, podcasts, filmes,
programas de televisão que tenham
mão feminina na sua existência (na
secção Como Disse?). Pode receber
tudo no seu email, subscrevendo a
nossa newsletter.
> COM QUEM?
Este formato não seria possível sem a
ajuda do grupo Martinhal Resorts que
se associou à EXAME neste projeto e
que, com muita generosidade, todos
os meses, disponibiliza um espaço
privado e uma deliciosa mesa de
pequeno-almoço em redor da qual
acontecem as conversas que são aqui
publicadas.