marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
104 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

vigentes, João Goulart seria o substituto imediato de Jânio Quadros.
O vice-presidente se encontrava em viagem à República Popular da
China, onde desde 1949 vigorava o regime comunista sob a liderança
de Mao Tse-tung. A indisposição dos setores mais conservadores em
relação ao nome de João Goulart era uma realidade que tumultuaria
ainda mais esse período. Jango, como era conhecido popularmente,
foi ministro do segundo mandato presidencial de Vargas. Destacou-
se no Ministério do Trabalho pelo aumento de 100% concedido ao
salário mínimo. Nas duas eleições realizadas após a morte de Vargas,
o nome de Jango despontava como uma liderança dos segmentos
populares urbanos e ampliava ainda mais sua participação no setor
rural. Nota-se que o Partido Trabalhista Brasileiro, do qual fazia parte,
teve um crescimento considerável na sociedade brasileira, em especial
a partir da década de 1950, devido à política trabalhista implantada
por Getúlio Vargas, e será um dos termômetros do populismo no
país. Soma-se a esse fator o incremento da urbanização no Brasil,
que ocorre de mãos dadas com a industrialização dos anos de 1940 e
de 1950. À medida que a urbanização aumenta, teremos um maior
contingente participando das eleições: “em 1945, o percentual de
eleitores era de 15%; em 1950, esse número cresce para 22% e,
finalmente, em 1955, atinge 25%”.^149 Para os militares, a posse do
vice-presidente era algo fora de cogitação. Declaram o impedimento
de Goulart. O contraponto a essa medida viria sob a liderança do
governador Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul, que lança a rede
da legalidade para que Jango assuma o poder. Contava o governador
com o apoio do Estado de Goiás, tendo a frente Mauro Borges. O III
Exército, um dos mais poderosos no país, comandado pelo general
Machado Lopes, localizado no Rio Grande do Sul, apoiou a legalidade
e a posse de Jango. A crise é parcialmente resolvida com a proposta


(^149) TEIXEIRA, Francisco Carlos. “A Modernização Autoritária.” In: História Geral do
Brasil. Maria Yeda Linhares (org). Rio de Janeiro: Campus, 1996.

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