marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 159

Tanto que tínhamos lá em casa um bandolim, que era da minha irmã
Anita, e então, quando ele tinha uma folga, pegava o bandolim e to-
cava. Ele gostava muito de fazer paródia. Ele tocava uma música que
tinha um refrão que dizia assim – Justiça de Deus na voz da história.
O bandolim era o instrumento com o qual ele tinha mais afinidade,
de que ele mais gostava.


Edson – Ele gostava de tocar em casa?
Tereza – Sempre em casa, ele pegava o bandolim, tocava um
pouco e ia embora. Isso eu acho que era para refrescar a cabeça. Ele
gostava de música mesmo, teve uma vez que ele foi a Salvador, quando
já estava no Rio, eu disse a ele que queria estudar música, então ele
me matriculou no Centro Operário da Bahia, que ensinava música
e outras coisas. Meu pai comprou um violino que estudei um bom
tempo; depois eu queria aprender piano, violino era muito difícil,
papai disse que piano era muito caro e que era para ficar no violino
mesmo. Se era para estudar, se era para melhorar, Carlos fazia todo
sacrifício pela gente.


Edson – Qual foi a opinião de Carlos Marighella quando a se-
nhora optou por tocar piano?
Tereza – Proletário não toca piano, piano é de gente rica, é
instrumento de gente rica. Eu retrucava dizendo que não queria
aprender a tocar violino, além de ser muito difícil era um violino
velho que meu pai comprou num prego, nessas casas de penhor, eu
queria tocar era piano.


Edson – E o carnaval, Marighella gostava de carnaval?
Tereza – Pelo que eu me lembre, ele gostava de apreciar, não me
lembro dele brincar carnaval, naquela onda do baiano, que gosta
muito. Já meu irmão mais novo, o Caetano, esse gostava de brincar
carnaval, inclusive se fantasiava de mulher, o Carlos não.

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