marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 171

Tereza – Eu não li o livro do Emiliano. Sabe por que eu não li?
Mexe muito. Já tenho muita recordação. As minhas recordações eu
recordo quando eu quero. Eu vou ler aquilo ali e já está forçando, já
está forçando, não vai não.


Edson – Como era a vida religiosa de vocês?
Tereza – Minha mãe era muito religiosa. Meu pai também era
religioso, mas não tanto quanto minha mãe. Todo domingo ela acor-
dava todo mundo às 5 horas da manhã para ir a missa das 6 horas
do domingo.


Edson – E o Marighella também ia?
Tereza – É, ia também.

Edson – Como era o contato com os vizinhos?
Tereza – Nós tínhamos contato. Essa rua em que nós morávamos
era sem saída. Então, aquela rua era uma família. Tinha uma família
que se dava muito mesmo, que era o mesmo que irmãos nossos, to-
dos negros, era a família de meu padrinho. Nós brincávamos muito.
Inclusive essa brincadeira de subir na escada e pular, os rapazes que
eram filhos do meu padrinho entravam na brincadeira. O Mário e o
Astrogildo eram nossos colegas e brincavam com a gente. Inclusive
ele deu muita aula de matemática a esse Astrogildo, que era o mais
velho deles, regulava mais ou menos a idade dele, do Carlos.


Edson – O Carlos era vaidoso?
Tereza – Não. Muito simples, não tinha vaidade nenhuma, desde
criança.


Edson – E seu pai tinha outras atividades além da oficina?
Tereza – A vida dele era toda na oficina. Quando ele saía da
oficina, ele vinha para casa tomar banho, aí era a ora da brincadeira.

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