marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 173

Edson – E ele?
Tereza – Ele dizia: não, você também tem a ver com isso, ele falava
para mim. Por isso é que ele dizia que eu não tinha juízo. Ele dizia
que isso é uma luta nossa. Nós temos a obrigação de lutar por isso.


Edson – E o temperamento dele?
Tereza – Ele era duro, era um homem muito forte, tenho a im-
pressão que tudo que ele fazia era tudo medido, calculado, ele não
fazia nada assim por fazer não. Ele sabia as consequências.


Edson – E Clara Charf, vocês tiveram contato?
Tereza – Não muito. A vida deles era muito dura, eu estive na
casa da Clara lá no Catete, ele não estava, duas vezes que eu fui lá ele
não estava. Depois ele estava viajando. Quando chegou veio para o
aniversário dos meus filhos.


Edson – Esse seu depoimento é interessante para ampliar esse
lado humano de Marighella...
Tereza – Ele era muito bom. Quando foi preso na Ilha Grande
ensinava os presos de lá de dentro, era tido como um professor, en-
sinou muita gente lá.


Edson – E a senhora também foi ser professora no presídio?
Tereza – Sim. No Esmeraldino Bandeira, em Bangu, parece que
é coisa do destino.


Depoimento que não foi gravado
Tereza Marighella veio para o Rio de Janeiro, em 1947, logo após
a morte de sua mãe. Quando foi procurar emprego munida de uma
carta de apresentação trazida da Bahia, viu sua oportunidade ir por
água abaixo, pelo seguinte motivo: se encaminhou à Secretaria de
Fazenda, onde fora orientada para procurar um funcionário conhe-

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