marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
240 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

conhecê-las!?” Eu digo: “Eu não sei”. Há qualquer coisa de interior,
era isso que Marighella tinha, talvez o próprio Prestes tivesse também.
Eu queria te mostrar um trabalho sobre princípios, você conhece?


Edson – Não, eu conheço um trabalho seu que me foi fornecido
por Emiliano José.
Ana – Saiu na Tribuna, um artigo sobre Jorge Amado e sobre
Castro Alves. Era essa coisa, o problema da história. Ele, por exemplo,
foi quem mais me incentivou para ver esse problema da Guerra do
Paraguai. De forma que, quando eu voltei da Europa, eu me lembrei
disso, e me lembro dele, me lembrei da preocupação que ele tinha para
que se esclarecesse historicamente o problema da Guerra do Paraguai.
E então eu fui lá no Rio Grande do Norte e fiz todo um estudo, eu
cheguei à conclusão que as mulheres lutaram contra a Guerra do Para-
guai, as mulheres do Rio Grande do Norte, principalmente da cidade
de Mossoró, rasgaram os documentos que chamavam os soldados
para irem para a guerra, nas igrejas, nos cartórios, eu tenho tudo isso.


Edson – Que interesse ele tinha?
Ana – Que se recuperasse a verdade histórica. Isso me influenciou
demais a primeira vez que eu soube desse poema de Bertold Brecht –
“quem reconstruiu Babilônia mil vezes destruída...” – me lembrei dele.


Edson – O que ele falava para a senhora?
Ana – Ele me dizia muito que era para se recuperar esse problema
da história. Principalmente, esses negócios dos negros, a resistência
dos negros.
Você vê vários militantes foram presos, torturados e ainda há
interesse por Carlos Marighella, por quê?


Edson – A pessoa mais indicada para responder isso aqui é a
senhora. Por que a senhora acha?

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