marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 27

o Exército nacional para resolver disputas políticas locais e estaduais
a favor de seus interesses”.^14 Com a recusa do governador Viana em
acatar uma determinação judicial que garantia o acesso dos “seabristas”
ao Legislativo do Estado, acentuou-se o impasse, só resolvido com a
intervenção direta do presidente Hermes: “que ordenou ao general
Sotero Menezes, veterano da Guerra de Canudos, que garantisse a
decisão judicial”.^15 À ordem do Marechal, desencadeou-se um terrível
bombardeio na capital baiana. Recuperada a normalidade, garantiu-se
a eleição de Seabra, em 1912, contrariando os interesses do Partido
Republicano na Bahia.
Na casa número 9, da Rua Barão do Desterro, na Baixa dos Sa-
pateiros, bairro de Salvador, vivia a família de Augusto Marighella e
Maria Rita do Nascimento Marighella.
Maria Rita nasceu no ano da Abolição da Escravatura, em 1888.
Descendia dos negros haussás, sudaneses “afamados na história das
sublevações baianas contra os escravistas”.^16 A irmã de Carlos Mari-
ghella, Tereza, insiste em dizer que o temperamento de sua mãe teve
uma influência muito forte na educação dos irmãos, sobretudo em
Carlos:


Ela era uma pessoa muito doce, muito compreensiva, muito caridosa e
humana. Ele teve a quem sair, ela ajudava muito as pessoas necessitadas. Os
pobres chegavam lá em casa e ela dava o que tivesse, embora nós tivéssemos
pouco, aquele pouco ela sempre tinha para dar a alguém.^17
Por Augusto Marighella dedicar-se à oficina mecânica, localizada
nos fundos da casa, a mãe mantinha um contato maior com os filhos,
alternando tarefas domésticas com a educação.


(^14) PANG, Eul-Soo. Op. cit. p. 100.
(^15) JOSÉ, Emiliano. Carlos Marighella: o inimigo público número um da ditadura militar.
São Paulo: Sol & Chuva, 1997.
(^16) MARIGHELLA, Carlos. Por que resisti à prisão. São Paulo: Brasiliense, 1994.
(^17) Depoimento de Tereza Marighella colhido pelo autor em 30.07.1998.

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