marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 317

Edson – Quando você e Mário Alves criam o PCBR, não houve
uma sondagem ao Marighella para uma possível composição?
Jacob – Não. Nós tivemos, eu e o Mário Alves várias reuniões
com o Marighella dentro da conspiração, ainda como dirigentes do
Partido Comunista Brasileiro. Nos reuníamos na Comissão, mas já
articulando uma prática diferente. Com o passar do tempo, já em
1967, ficou claro que o Marighella não queria, de modo nenhum,
reorganizar um partido, o modelo dele era o foquismo cubano, para
ele a guerrilha seria um partido. Eu, o Mário Alves, o Apolônio e
Miguel Batista dos Santos tínhamos uma ideia de que era preciso um
partido, não se podia ter somente uma direção militar, era preciso uma
direção política. Então, em 1967, quando já tínhamos sido excluídos
do partido, de certo modo, as nossas direções se separaram.


Edson – Você não teria mais contato com ele?
Jacob – Não, depois disso não. Ele voltou de Cuba, ele tinha
ido a Cuba.


Edson – Na Olas...
Jacob – Não esteve na Olas, mas estava lá em Havana naquele
mesmo momento, quando a Olas se reuniu. Ele entrou em contato
com os dirigentes cubanos, que decidiram, praticamente, considerá-
lo um homem de confiança deles aqui no Brasil, eles passaram a dar
apoio através do treinamento em Havana. Ele voltou de Cuba, tivemos
um contato e depois disso não tive mais contato com ele.


Edson – No seu livro, a questão da morte de Marighella está
bem clara e definida. Mas o que eu quero dizer, veja bem, a minha
posição aqui não é de fazer oposição, de provocar uma inimizade.
Quando estive em Salvador entrevistando o filho de Marighella, ele
se lamentou da forma como você escreve no livro Tiradentes...
Jacob – É, eu sei...

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