marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 319

Jacob – Mais uma vez e eu não tenho porque recuar disso. É claro
que não é agradável. Hoje eu estou com boas relações com a Clara,
não há problemas entre nós, nós somos militantes, estamos aí, con-
tinuamos a militar e não há problema entre nós, mas num momento
isso é claro que provoca um certo ressentimento. Eu quero só observar
para você que há pouco saiu um livro de uma autora estadunidense,
a Cynthia Hings, e ela pesquisou durante muitos anos o arquivo da
CIA, que agora está disponível nos Estados Unidos, que abrange essa
fase, o ano de 1969... E ela pesquisou os papéis que diziam respeito
ao Brasil, ela descobriu lá, como não só a CIA, como outras agências
americanas, treinaram policiais, tinham orientação assim na tortura,
uma série de organismos lá de Washington e daqui do Brasil, e ela
não tem a mínima referência a participação dos órgãos de repressão
estadunidenses no caso da morte de Marighella.


Edson – Essa tese é defendida pelo frei Betto.
Jacob – Ela não diz nada a respeito disso. Fala em vários outros
episódios mais não nesses. Onde que está a documentação disso? O
frei Betto nunca apresentou, ele apresenta uma especulação.


Edson – Eu tenho o relatório da Comissão e me parece que com o
passar do tempo ele começou a entrar em contradição. Mas voltando
ao comentário do Carlinhos, ele só achava que o mais importante era
ser reconhecido o assassinato.
Jacob – Tudo bem. Ao Carlos Augusto é natural, ele é filho do
Marighella, ele tem a versão dele, está certo, qualquer um tem seu
direito. Mas no caso aí eu repito: o Marighella é uma figura públi-
ca. Eu como historiador, se eu defendo uma versão sobre a morte
dele, tenho que continuar defendendo diante da orientação que o
noticiário da Comissão dos desaparecidos tomou, não a Comissão, a
Comissão em si não decidiu nada, nem podia decidir. Ela só aprovou
a concessão da pensão.

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