EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 323
Roberto – A direita naquele tempo concentrava os principais
colégios aqui de São Paulo, colégios grandes, eu não me lembro o
nome desses colégios.
Edson – Era a classe média?
Roberto – Classe média alta.
Edson – Você vinha de uma família de classe média?
Roberto – Média baixa, meu pai era fazendeiro, vendeu a fazenda,
veio aqui para São Paulo e comprou um posto de gasolina, depois
foi diretor de um hospital, tinha patrimônio, tinha um sítio lá em
Taubaté, meu pai era classe média.
Edson – E qual era o nível de leitura que vocês tinham?
Roberto – A gente lia livro mais ligado à Ação Católica mesmo,
eu me lembro que o primeiro livro de economia que eu li foi do Leo
Huberman, a História da Riqueza do Homem, o primeiro livro que
me interessou foi esse, depois eu li muito, tentei ler O capital mas
não dava, era muito difícil, li muito texto depois produzido pela
Ação Católica.
Edson – Como era uma organização católica? Vocês liam algo
de marxismo, alguma leitura sobre o marxismo?
Roberto – Eu comecei a ler já no 2º ou 3º ano do colégio, porque
quando a gente fez essa aliança em 1962 com os comunistas, a gente
começou a ter contato, a gente teve muitos amigos comunistas, a gente
discutia, eles tinham alguns livros e passavam para a gente, alguns
livros do Mao, alguns textos do Mao, ainda estavam liberados, em
1962, ainda tinha bastante coisa para a gente ler, só que mais textos
do que livro na verdade.
Edson – Não era esse mercado editorial que a gente conhece hoje?