EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 327
corredor polonês, entraram em algumas salas de aula, tiraram muita
gente, e no pátio da Engenharia eles fizeram um corredor polonês
grande, foram buscar um pessoal da Economia, muita gente da Fa-
culdade de Direito, tiravam o sapato do cara, amarravam um com o
outro e jogavam em cima do telhado, o cara passava pelo corredor
polonês e todo mundo batendo nele, um corredor polonês grande,
o cara era obrigado ainda a subir no telhado, pegar o sapato, para
depois sair, machucou muita gente.
Edson – Você estava lá no dia do golpe?
Roberto – Eu dei a maior sorte. Eu fui lá, logo que eu entrei senti
que o negócio estava feio. Alguém me falou “vão bora, vão bora”,
eu fui embora. Eu tenho um amigo que morava na Rua Itambé, do
outro lado do Mackenzie, eu fui para lá, só vi o começo e depois o
pessoal falou eu fui embora. Eu fiquei sem ir lá um “tempão”, no
Mackenzie.
Edson – Depois do golpe como é que ficou a situação? O CCC
deve ter continuado lá?
Roberto – Claro. O CCC, depois do período da revolução, foi
senhor, dava as ordens lá, vetava diretor das escolas.
Edson – E aí você voltou a estudar?
Roberto – Voltei. Eu fui para Ubatuba, meu pai tinha uma casa
lá em Ubatuba, eu voltei um mês depois, eu era muito visado ali, re-
tomamos contato, eu sempre mantive alguns contatos aqui, mesmo lá
em Ubatuba. Quando voltei, aí sim, aquilo reativou, logo no começo
ninguém saía da sala de aula, mas tem muita gente, esses caras que
são independentes vão botando panos quentes, tinha muita gente
que defendia a gente. Acabou o centro acadêmico, virou diretório
acadêmico (Lei Suplicy) e a gente não tinha onde fazer reuniões. O
ano de 1964 foi um ano complicado.