marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
326 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Edson – Você estava na renúncia do Jânio.
Roberto – Então, a renúncia do Jânio repercutiu muito na facul-
dade, era muito claro uma radicalização meio militarista lá dentro,
eram reuniões muito fortes até altas horas da noite. Depois desse
evento, eu estava, o Paulo de Tarso, sabia-se que o pessoal da Facul-
dade de Direito estava muito armado. O CCC apareceu lá dentro
muito forte, era comandado por todo o pessoal da direita, por gente
que hoje é superliberal...


Edson – Mas retornando aquele período...
Roberto – Aquele período passou por um processo de radicali-
zação muito grande, já no fim de 1963 a situação já estava muito
complicada lá no Mackenzie, eles botaram fogo duas vezes no Prédio
do Centro Acadêmico da Engenharia. Na Arquitetura, saía muita
briga, o pessoal já não ia muito para o pátio, foi uma radicalização
muito grande. No golpe eles tomaram conta de tudo, no dia eles
fizeram corredor polonês lá na faculdade.


Edson – Eles quem?
Roberto – O pessoal da direita, tinha o pessoal da Economia,
da Faculdade de Direito, algumas pessoas da Engenharia, porque
naquele tempo não era obrigatório o voto, ele era livre, embora a
gente conseguisse mobilizar muito, embora a grande maioria fosse
da Engenharia, era cara que não tomava posição, a gente era mais
ativo, sempre ganhava as coisas lá dentro. E a direita ficava puta lá
na Engenharia.


Edson – Vocês conseguiam mobilizar?
Roberto – Conseguíamos. A gente levava para votar, a eleição
para dar quórum era um pega pra capar, a gente dominava. No dia
do golpe, eles botaram fogo no Centro Acadêmico da Faculdade de
Engenharia, quebraram tudo, quem estava lá dentro botaram no

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