marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
344 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Roberto – Não. E os caras saíram. O caras se mandaram. Já ti-
nham sumido. Daí passou um dia, não sei daí quantos dias passaram,
apareceu um jornal lá, A Última Hora, quando eu fui ver, tomar
consciência das coisas. Eu tive uma sorte. Acho que foi uma sorte.
Sabe o que é? Me bateram muito na minha casa, antes de sair, você
já fica meio zonzo, eu fui jogado da escada, três andares, me davam
muito tapa por trás nas duas orelhas, eu já comecei a ficar zonzo,
não enxergava direito, cheguei lá já estava uma confusão. O que eu
posso te dizer depois é que um cara, um operário me chama para
ouvir um depoimento de um dominicano, era o Ivo, porque o Ivo
tinha aparecido na noite e eu não tinha notado, eu nem sei quando
voltaram, com um machucado muito grande na nádega. E daí esse
cara disse: “Eu quero que você seja testemunha do que esse cara vai
falar”. E aí ele ficou tão desesperado: “Não, eu não quero que vocês
achem que nós somos os culpados do que nós fizemos lá”. Ele estava
desesperado, mas confirmou.


Edson – O que ele confirmou?
Roberto – Que ele estava lá na rua no dia da morte do Marighella.
Ele e o Fernando, que tinha ido lá, quando o Marighella entrou eles
saíram do carro correndo.


Edson – Teve um que foi mordido?
Roberto – É o Ivo, quando ele saiu o cachorro veio e mordeu a
nádega dele. Quando ele retornou tinha que fazer curativo na nádega
que ele tinha machucado. Esse operário pressionou muito o Ivo para
ele falar, e é o Genésio.


Edson – Genésio Homem?
Roberto – Que a gente chamava ele de Rabotti. Ele me chamou e
chamou mais umas duas pessoas, o marinheiro que estava preso lá mais
um cara. Daí a gente viu que eles tiveram algum envolvimento, mas

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