marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 361

Edson – Era o primeiro GTA?
Manuel – Não. Na verdade era uma terceira leva de GTAs, porque
quando eu entrei, eu e meus dois amigos, nós ainda fizemos uma
ação juntos, no dia 27 de dezembro de 1968. A minha primeira ação
armada e a última deles no GTA. Eles saíram e foram para o exterior
para receber treinamento, já tinha uma outra leva que já tinha ido.
Só tive essa ação conjunta com eles.


Edson – Qual foi a ação?
Manuel – Foi de expropriação de explosivos. Tinha uma empre-
sa, que era uma pedreira, tinha seu alvará de funcionamento como
pedreira, só que clandestinamente fabricavam explosivos lá dentro.
Tinham os paióis, os depósitos, todos os aprontos, tinham uma fá-
brica em si. A gente recebeu essa informação e foi uma ação muito
discreta, boa para ser uma primeira ação, pelo menos para mim. A
gente foi lá com um mandado de busca e apreensão, um mandado
judicial assinado por um juiz lá, chamado Carlos Marighella (risos).
Então, a gente foi lá, tinha uma frota enorme de carros, cada um
com dois companheiros, um companheiro mais um outro, todo
mundo proibido de fumar, todo mundo tinha que sair de lá com a
capacidade de seu veículo carregada de caixas. Até a minha prisão
nós usamos bastante.


Edson – Então, você já tinha um contato com Marighella?
Manuel – Em toda a minha militância política – eu comecei
a minha primeira ação no dia 27 de dezembro, entrei na véspera,
nessa mesma época, está fazendo aniversário. Eu terminei sendo
preso no dia 30 de setembro de 1969. Não dá um ano, dá alguns
meses. O que é muito, a média de vida mundial de quem sobrevive
na guerrilha gira em torno de quatro meses. Nesse período eu tive
um encontro com Marighella, já em setembro de 1969, na véspera
da minha prisão.

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