marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 365

juntar forças, pra se unir, pra congregar. Estou falando tanto que eu
vou me perdendo... (risos)


Edson – Não, de forma alguma, afinal, está descrevendo todo o
cenário.
Manuel – Mas a gente começa do zero nessa retomada do GTA.
A gente vai incorporando essas visões críticas. Eu estava falando,
voltando um pouco, que no início do GTA era algo para viabilizar a
saída do pessoal, era uma forma de você treinar, checar, ver melhor
aquele companheiro, ver a disposição dele, se ele aguentava, se ele
tinha estrutura para aguentar o tranco de um processo armado como
esse, se a gente poderia investir nele. É uma coisa complicada você
investir em alguém com esse grau de risco todo e há um custo tão
elevado, de vidas, muitas coisas estavam em jogo, um ponto estava
em jogo e o cara não quer nem ao menos testar. Às vezes o cara entra
em pânico, tem medo, não tem disposição, esse engajamento maior,
não gosta de pólvora e também recursos. Então, o GTA foi muito
usado pra isso, pra testar o cara e mandar pra fora. Foram centenas
de pessoas para o exterior nessa primeira fase de GTA e ele sendo
usado para isso.
Quando a gente retorna já havia a preocupação de que tinha que
ter preocupações políticas maiores, tem que divulgar mais todo o pro-
grama da organização, ter mais discussões internas e a gente começa
a se voltar para esse tipo de ação, uma série de ações, até ações de
desapropriação de dinheiro, assalto a banco, para falar o português
claro. A gente aproveitava a oportunidade pra fazer comícios armados,
panfletava o local, a gente fazia um escarcéu quando estava melhor
estruturado. Em junho, julho de 1969, a gente começa a fazer ações
mais complexas, inclusive de expropriação pra promover esse tipo e
atividade política. Por exemplo, a gente não assaltava mais um banco,
a gente optava por zonas bancárias que tivesse mais de uma agência,
um mesmo trecho, bloqueava as ruas todas em volta, isolava aquela

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