marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 369

mente, ele trouxe uma visão de crítica, e se você parar para analisar,
todas procedentes. Acontece que a gente também contra-argumenta
de uma forma lógica, com grau de verdade, de força, com ele na
reunião. Tanto é que ele acata, aceita nossa posição, sai de lá com o
outro tipo de entendimento.


Edson – Qual o teor da reunião?
Manuel – O problema é o seguinte: a ALN que participou daquela
ação, no Rio de Janeiro, não foi a ALN sediada no Rio, fomos nós de
São Paulo. A primeira crítica dele era essa. A ALN do Rio não sabia
que ia acontecer aquela reação. Foi um absurdo, um puta erro. Algo
que a gente, tranquilamente poderia verificar que ia aguçar muito
a repressão, que ia perturbar muito o cotidiano da cidade, que iria
trazer problemas para a nossa organização lá dentro, a gente não teve
o cuidado de avisar. Então, essa parte da coisa a gente aceitou como
um erro nosso. Essa era uma das críticas dele. O outro é que ele ques-
tionava a gente ter discutido mais essa ação, pelo grau de importância,
afinal de contas o embaixador era o embaixador estadunidense junto
à ditadura, um embaixador estadunidense, ela devia ter sido avaliada
e discutida pela organização. É um pouco da sua pergunta anterior,
a gente fez sem consultar nada e nem ninguém. Fomos pelo grupo
de São Paulo – até com a participação do Toledo, Joaquim Câmara
Ferreira, direção nacional da organização – sem levar a uma discussão
da organização nacional e até à própria figura do Marighella, que
estava no Rio, exposto e não participou de nada disso, não avaliou,
não mediu, não pesou. Esse foi o outro ponto. Quanto a isso a gente
respondeu com a própria teoria dele: está certo que a gente errou, está
certo que a gente correu risco de perder quadros no Rio, de perder
trabalhos e contatos, enfim, não potencializamos como poderia ter
potencializado, não capitalizamos com poderia ser capitalizado, mas
era um ato revolucionário, justo, correto, estava dentro da nossa linha.
A gente tinha todo o direito de ir lá e fazer.

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