marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
376 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

mas eu não entendia: por que não Pedro Aleixo? Por que não Pedro
Aleixo?” (risos).


Edson – Eu queria adiantar um pouco mais, depois do sequestro
vem uma série de quedas e depois sua prisão. Como foi sua prisão?
Manuel – Não foi numa ação propriamente dita.


Edson – Como é que ficou depois do sequestro?
Manuel – Isso aí. Nós saímos da casa onde estava o embaixador,
depois da ação, e fomos pra um apartamento junto com o pessoal lá
do MR-8. Dois dias depois nós ainda estávamos lá esperando abai-
xar a poeira da repressão para vir a São Paulo. Eu e o Virgílio, nós
ainda estávamos nesse aparelho deles, com dois companheiros deles,
o Salgado e um outro. Esse Salgado é o nome quente dele, depois
você pode levantar. Esse aparelho foi suspeitado, invadiram e a gente
até suspeitou do episódio quando pela manhã. Eu e Jonas avisamos
ao cara: “Olha! Isso aí tem coisa, fica ligado. Nós vamos sair”. Nós
passamos o dia inteiro fora, pegamos uma máquina fotográfica e
fomos dar uma de turista no Rio, pra poder não ficar em casa. Nós
achamos muito suspeito o que aconteceu lá, marcamos um ponto
no final da tarde, início da noite, um pouco mais avançado, umas
nove horas. Marcamos esse ponto para ver se não tinha acontecido
nada, aí nós voltávamos para casa. Quando a gente foi no final da
tarde, eles não apareceram, no final da noite não apareceu, as nove
horas aí apareceram, de short, coitados, sem camisa, descalços e eles
contaram: “vocês estavam certos, a repressão foi lá, saímos assim, nós
nem viemos antes porque esperamos escurecer, do jeito que a gente
está... E agora a gente vai ter que se mandar”.
Caiu, caiu tudo, caíram todas as nossas armas, todas as nossas
armas nós levamos de São Paulo, eles não tinham metralhadora, eles
tinham revólveres, uma série de bombas que nós levamos pra poder
deixar na casa do embaixador, parte da nossa segurança, nossa baga-

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