marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
390 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Impressionante. A mãe dele é interessante. Essa fotografia diz tudo,
tudo. Inclusive um fotógrafo de bom gosto, ele botou uma margarida,
acho, botou na mão, ela está com uma expressão soberba.


Edson – De 1945 a 1964, você não teve muito contato com ele?
Noé – Não, trabalhei com ele rapidamente, politicamente.

Edson – Aqui em São Paulo?
Noé – É, ele vinha pouco. Foi deputado, aí eu perdi contato.
Depois foi cassado, aí ele passou a dirigir o partido, era ele e o Pres-
tes, ele era da Comissão Executiva do Partido, aí nos víamos pouco;
quando ele passou à luta armada, o vi uma vez.


Edson – Como foi esse contato?
Noé – Foi um encontro. Tive um encontro com ele, que ele pediu.
Pra dizer a verdade eu não me lembro bem o que ele queria. Era qual-
quer coisa ligada, era um documento, precisaria de um documento,
uma coisa assim, eu trabalhava em publicidade, eu tinha facilidade
de arrumar algumas coisas, depois não vi mais. Sabia que ele estava
na luta armada, ele tinha vindo de Cuba, eu não trabalhei nisso, não
concordei, fiquei no partido, aí ele foi expulso, ele e o Câmara Ferreira.


Edson – Como você ficou sabendo da morte dele?
Noé – Eu fiquei sabendo pelo rádio. Estava com o rádio ligado
e aí fiquei sabendo em casa. Interromperam uma transmissão de
futebol que estavam fazendo e o cara falou. Era fatal aquilo, porque
a coisa ficou limitada , ficou limitada a Fleury e ele, não tinha mais
sentido. É verdade que ele estava organizando coisa séria, até hoje
não sei como e o que ele organizou por aí, mas a ideia, se eu não me
engano, era o negócio do Araguaia.


Edson – Você aceitou?
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