marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 63

O comportamento de Prestes somado ao que ele representa-
va para o Partido, e para a sociedade brasileira, acabou por criar
uma referência dentro do Partido Comunista Brasileiro. Talvez a
explicação mais plausível seja a presença considerável de militares
no Partido, por mais que estivessem próximos do comunismo não
abandonavam os rígidos métodos contidos no setor militar. Para
Gorender:


o PC se singularizou no quadro mundial pelo afluxo de oficiais do Exército,
bem menos da Marinha, sobretudo do Exército. Esse afluxo se dá nos anos
de 1930 e continua nos anos de 1940. A principal significação é a desagre-
gação do Tenentismo, que gera um fluxo de oficiais, ou de ex-oficiais, que
vão para a esquerda e até para o PC.^73
Mas o PC não deve ser entendido como um grande quartel do
Exército; à proporção que o Partido atuou na sociedade brasileira,
vários setores foram incorporados a seus quadros.
Em 1936, Marighella saiu da Bahia e se transferiu para o Rio de
Janeiro. O ano de 1935 foi marcado por intensa agitação política
no cenário nacional. A Aliança Nacional Libertadora, organizada a
partir de janeiro de 1935, atuou como uma organização diferente
do que até então se via na política brasileira. Sob a liderança de Luiz
Carlos Prestes – que ingressou inicialmente na Internacional Comu-
nista e, como conseqüência, teve que ingressar, desde 1º agosto de
1934, no Partido Comunista do Brasil e, um ano depois, passaria
a fazer parte do Comitê Executivo do Partido – a ANL defendia
três princípios básicos: “o anti-imperialismo, o antifascismo e a luta
contra os interesses latifundiários. Preconizava a constituição de um
governo popular, a reforma agrária, a suspensão da dívida externa e a
nacionalização das empresas estrangeiras que operavam no Brasil”.^74
A Aliança Nacional Libertadora, como o seu próprio nome sugere,


(^73) Entrevista de Jacob Gorender a Revista da Bahia, Encarte Especial, dez. 1988, p. 12.
(^74) PENNA, Lincoln. Uma História da República. Op. cit., p. 196.

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