marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
64 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

reunia os mais variados segmentos da sociedade brasileira, com des-
taque para os comunistas, sindicalistas e boa parte de uma corrente
extremada do tenentismo. Da teoria à prática, a Aliança insurgiu a
24 de novembro de 1935 contra o governo de Vargas. O foco ini-
cial foi o Estado do Rio Grande do Norte, seguido pela cidade de
Recife. Três dias depois, foi a vez do Rio de Janeiro, sob a liderança
do 3º Regimento de Infantaria do Exército e a Escola de Aviação. O
movimento no Rio não teve grande sucesso,


desarticulados das grandes massas trabalhadoras, os insurretos se veem de-
pressa sob o cerco de tropas muito superiores. Após longas horas de árduo
e sangrento combate, a insurreição é derrotada no Rio.^75
O mesmo aconteceu no Recife e em Natal, apesar do sucesso inicial.
O período que antecedeu o Estado Novo contou ainda com a
Ação Integralista Brasileira, liderada por Plínio Salgado, versão bra-
sileira dos regimes de extrema direita em ascensão na Europa, como
o fascismo e o nazismo. A AIB era um contraponto ao comunismo e
ao marxismo, para tanto se valeu da influência do pensamento cató-
lico tradicionalista, de um nacionalismo exacerbado e o primado da
família e da nação.^76 A aproximação com o governo Vargas, com a
indicação de Plínio Salgado para o Ministério da Educação, em 1936,
parecia ampliar as perspectivas de poder, o que se tornaria ilusório:
em 3 de novembro de 1937 é assinado decreto que extingue a AIB.
Como ocorrera com a ANL em julho de 1935. Era o caminho que
levaria ao Estado Novo.
Nesse clima de agitação e progressiva repressão é que Marighella
saiu da Bahia e chegou ao então Distrito Federal. As prisões por que
passaria na segunda metade da década de 1930 serão descritas por
ele da seguinte maneira:


(^75) GORENDER, Jacob. “Figuras do Movimento Operário: Prestes.” Revista Problemas,
Rio de Janeiro, ano 3, nº 24, pp. 118-125, jan.-fev. 1950.
(^76) PENNA, Lincoln. Op. cit. pp. 199-200.

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