marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 69

a dimensão da luta dos militantes e, no caso de Marighella, essa luta
foi uma constante.
Em 1939, Carlos Marighella foi novamente preso, em fins de
maio. Conduzido de São Paulo para o Rio de Janeiro e daí o destino
seria a Ilha de Fernando de Noronha. Novo julgamento condenou
Marighella a sete anos e meio de prisão. Nesse período, praticamente
toda a direção do Comitê Regional do Partido Comunista de São
Paulo foi presa. Na sua passagem pelo Presídio Especial de São Paulo,
em 1939, registra-se um poema em tom de desabafo, do qual desta-
camos duas estrofes:


“Pairando pelo espaço onde quer que pressinta
carniça, podridão, matéria decomposta,
essa ave original de cor preta e retinta
o cheiro da imundície alegremente arrosta”.

“Assim como o urubu há no alto muita gente
poderosa a fartar que, entanto, moralmente
só consegue viver à custa de carniça”.^85

Entre 1939 e 1942, Marighella ficou detido na Ilha de Fernando
de Noronha, sendo transferido em 1942 em razão do acordo entre
Getúlio Vargas e os Estados Unidos. O Brasil cedeu a ilha como base
militar estadunidense, no contexto da Segunda Guerra Mundial.
Tanto na Ilha de Fernando de Noronha como na Ilha Grande, a
prisão não seria um refúgio para os detentos; ali estavam por motivos
políticos e a política também fazia parte do cotidiano.
Noé Gertel, militante do Partido Comunista na década de 1930,
esteve preso com Marighella na Ilha Grande. Foi detido no Rio de


(^85) MARIGHELLA, Carlos. Rondó da Liberdade. Op. cit., p. 22.

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