marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 77

despejo autorizada pelo juiz Nicolau Barros, em Salvador, que atingia
a comunidade do bairro denominado Corta-Braço. Marighella leu o
telegrama denunciando a situação dos moradores:


Deputado Carlos Marighella – Palácio Tiradentes – Rio – DF – Rua da
Glória 52 – de Salvador:“Moradores Corta Braço ocupantes mil e tantas
casas virtude mandato de despejo estão ameaçados ser postos na rua sem
nenhuma esperança abrigo; neste meio estão mulheres baianas todas classes
sociais solicita ilustre deputado denúncia Nação essa situação de angústia
milhares pessoas...”.^99
O telegrama era da União Democrática Feminina da Bahia e foi
assinado por Mariana Pedreira, presidente da instituição. O mandato
impetrado pela justiça atendia ao proprietário, de nome Pelozzi, que
se recusara a aceitar o pagamento de aluguel proposto pelos mora-
dores da área ocupada no Corta-Braço. Após expor a situação dos
moradores, Marighella teceu suas considerações finais:


Espero, Srs. Deputados, que feita a reclamação que me competia como
representante do povo baiano, o interventor, Sr. General Cândido Caldas
e o Prefeito da cidade tomem as providências necessárias, fazendo sustar
as medidas de repressão contra os moradores de Corta-Braço e, ao mesmo
tempo, proporcionando meios não só para que essas famílias se mantenham
nos casebres já ali construídos, mas também para que possam melhorar os
mesmos casebres.^100
Em sessão posterior, em 25 de abril de 1947, Carlos Marighella
comunicava ao Congresso Nacional a solução do problema envol-
vendo os moradores baianos pelo então eleito governador Octávio
Mangabeira, que considerou o terreno ocupado como de utilidade
pública, mantendo assim os moradores no local.


(^99) Anais da Câmara dos Deputados Federais (Brasil). Diário do Congresso Nacional.
Discurso de Carlos Marighella proferido em Sessão Parlamentar, maio 1947, p. 176.
(^100) Idem, p. 176.

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