40 |^ Revista ADEGA -^ Ed.183
Tratamento para bouchonné
Estudo sugere que é possível livrar um vinho
da presençade TCA com um plástico
Um estudo conduzido pelo l’Institut
Scientifique de la Vigne et du Vin (ISVV), em
Bordeaux, revelou que a imersão prolongada
de vinho em contato com plástico foi capaz
de remover até 82% das moléculas de TCA,
defeito também conhecido como bouchonné.
Contudo, não é qualquer tipo de plástico
que pode ser usado. O professor Pierre-Louis
Teissedre disse: “Não usamos filme plástico
de cozinha padrão, mas um composto de uma
mistura de polímeros sintéticos certificados
para uso doméstico”, mas não revelou o que
era exatamente.
No estudo, os pesquisadores pegaram
três barris cheios de um vinho tinto de 2013,
uma mistura de 70% de Cabernet Sauvignon e
30% de Merlot que envelheceram em barricas
por 24 meses. A barrica 1 foi afetada com
1ng/l de TCA, a 2 com 3ng/l e a 3 com 9ng/l.
O bouchonné é geralmente perceptível de 1,5
ng/l a 3 ng/l, tornando o primeiro barril quase
imperceptível e o terceiro extremamente
perceptível.
O filme plástico foi então adicionado a
cada barril e os testes foram feitos após oito
horas. Nesta fase, constatou-se que o plástico
se ligou de 47% a 57% das moléculas de TCA e
a concentração de TCA caiu em uma média de
74% a 82% após a imersão por 24 horas.
O uso do filme plástico usado pelos
pesquisadores não afetou substancialmente
“os parâmetros enológicos convencionais (pH,
densidade, álcool, acidez total e volátil, relação
glicose/frutose, conteúdo de ácido málico,
láctico e tartárico), nem na cor ou o teor de
compostos fenólicos totais e taninos totais
nos vinhos tratados, independentemente da
duração do tratamento”.
Após 24 horas, no entanto, um “ligeiro
aumento” nas antocianinas (relacionado à cor
do vinho) foi observado nos barris um e três.
Também foi notado que o plástico talvez tenha
absorvido uma certa quantidade de ésteres
etílicos – compostos relacionados aos aromas
frutados no vinho – embora uma degustação
posterior tenha julgado que isso não foi
suficiente para afetar o sabor do vinho.
Os autores concluíram que: “Os resultados
obtidos são encorajadores para o sector
vitivinícola, visto que este tratamento,
eficaz na redução do bouchonné de forma
significativa, é de fácil implementação e pode
ajudar a restaurar um potencial organoléptico
qualitativo aceitável para vinhos
contaminados. Uma vez que a película plástica
utilizada é totalmente de qualidade alimentar,
a sua utilização não apresenta riscos para a
composição química do vinho”.