Adega - Edição 183 (2021-01)

(Antfer) #1

50 |^ Revista ADEGA -^ Ed.183


Terra do sol


engarrafado
Osvinhosdaregiãode Setúbal
e o imprescindívelMoscatel

porArnaldoGrizzo


embarcavam com destino às Índias
e depois retornavam, os famosos
“Retour des Indes”.
No entanto, a região – que possui
cerca de 9,5 mil hectares de vinhas


  • não se restringe ao Moscatel de
    Setúbal, denominação de origem
    reconhecida em 1907, a segunda mais
    antiga de Portugal, atrás somente
    doVinho do Porto. Ela se estende
    por serras (abarcando a floresta
    deArrábida) e planícies, além de
    compreender as bacias dos rios Tejo
    eSado, com influência oceânica pela
    proximidade do Atlântico. O clima,
    obviamente, é quente e seco no verão
    e um pouco mais ameno no inverno.
    Os solos tendem a ter composição
    mais arenosa nas planícies. Tudo isso
    influencia decisivamente no estilo
    dos vinhos locais, que se encerram
    em duas denominações de origem
    complementares, além de uma
    indicação geográfica.


DOC

EM OBRAS DO INÍCIO DO
SÉCULO passado, o crítico francês
Léon Douarche chegou a escrever
que o Moscatel de Setúbal era “o sol
em garrafa”. A região da Península
de Setúbal, no sul de Portugal, que
cobre toda a parte do estuário do
Tejo, é uma das mais tradicionais
do vinho português, com história
vinícola que remonta às primeiras
vinhas plantadas na península
ibérica e, apesar de não estar restrita
aos Moscatéis, deve muito de sua
fama a eles.
Não se sabe exatamente quando
as primeiras uvas Moscatel foram
cultivadas na região, mas acredita-
se que já era um vinho celebrado no
século XIV, quando Ricardo II, da
Inglaterra, o prestigiava, assim como
o rei Luís XIV, da França. O Moscatel
de Setúbal esteve também nas
navegações, tornando-se um clássico
entre os tradicionais vinhos que
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