A
quela noite, éramos outros 12
aspirantes à monarca muito
bem hospedados nos 16 aparta-
mentos da Pousada Castelo de Óbi-
dos, a 80 km de Lisboa.Justamente
pela proximidade da capital, pouca
gente pernoita em Óbidos, uma vila
de casinhas brancas e ruelas tortuo-
sas coroadas pelo castelo-pousada,
considerado uma das sete maravi-
lhas de Portugal. Foi justamente a
hospedagem ali que me convenceu
a ficar. A pousada foi adaptada ao
interior de uma pequena porção
do castelo que resistiu aos séculos,
o que explica os incontáveis degraus
e os espaços exíguos nos quartos e
corredores, com exceção do res-
taurante, que é espaçoso e muito
bom, por sinal.
Minutos depois do check-in,
empunhando um cálice de ginja –
o licor de cereja local – em uma das
sacadas do castelo, tive certeza de
que aquela fora a melhor pedida.
Além de driblar a correria de
quem chega com hora para voltar,
o pernoite é um jeito de conhecer
Óbidos depois que os ônibus de ex-
cursão já foram embora e a Rua Di-
reita voltou a ser transitável. Afinal,
a principal atividade por ali é bater
perna: no topo da muralha de
1,5 km que abraça a vila ou aos pés
do aqueduto do lado de fora; sob
pórticos medievais e por ruelas que
ligam nada a lugar nenhum.
Embora conte com pouco mais
de duas centenas de moradores (e
só metade deles vivendo dentro das
muralhas), Óbidos tem meia-dúzia
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MUITO REI PARA POUCO TRONO