Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
de caso-controle podem ser aqueles raros pacientes com um bom
desfecho, como a recuperação de uma doença normalmente fatal.
Os estudos de caso-controle são o “tinto da casa” da lista de vinhos de
delineamentos de pesquisa: são mais modestos e um pouco mais
arriscados do que as outras seleções, mas muito menos caros e, às vezes,
surpreendentemente bons. O delineamento de um estudo de caso-controle
é desafiador devido às várias oportunidades para a ocorrência de vieses,
porém, há muitos exemplos de estudos de caso-controle bem-delineados
que produziram resultados importantes. Eles incluem as associações entre
o uso materno de dietilestilbestrol (DES) e câncer vaginal na prole
feminina (um estudo clássico que forneceu uma conclusão definitiva com
base em apenas sete casos) (1) e a posição de decúbito ventral e sua
relação com a síndrome da morte súbita do lactente (2), um resultado
simples que salvou a vida de milhares de crianças (3).
Os estudos de caso-controle não podem produzir estimativas sobre a
incidência ou prevalência de uma doença, pois a proporção de sujeitos
com a doença no estudo é determinada pelo número de casos e controles
que o investigador decide amostrar, e não pelas suas proporções na
população. O que os estudos de caso-controle podem fornecer são
informações descritivas sobre as características dos casos e, o que é mais
importante, uma estimativa da magnitude da associação entre cada
variável preditora e o desfecho. Essas estimativas são expressas na forma
de razões de chances (odds ratios, razões de odds), que se aproximam do
risco relativo se o risco da doença em pessoas expostas e não expostas for
relativamente baixo (em torno de 10% ou menos) (Apêndice 8B).

Pontos fortes dos estudos de caso-controle


Eficiência para desfechos raros


Uma das principais vantagens dos estudos de caso-controle é o grande
número de informações que podem ser fornecidas rapidamente a partir de
um número relativamente pequeno de sujeitos. Considere um estudo sobre
o efeito da circuncisão no carcinoma subsequente do pênis. Esse câncer é
muito raro em homens circuncidados, mas também é raro em homens não
circuncidados. A sua incidência cumulativa ao longo da vida do indivíduo
é de aproximadamente 0,16% (9). Para realizar um estudo de coorte com
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