Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

quando comparados aos controles. Cockburn et al. (15) encontraram
evidências para isso em um estudo inteligente que avaliou gêmeos
discordantes em relação ao melanoma: a razão de chances pareada para
ter tomado banho de sol na infância foi de 2,2 (IC 95%, 1,0 a 4,7) quando
o gêmeo com melanoma foi questionado sobre qual dos dois irmãos tinha
tomado mais banho de sol, mas foi de apenas 0,8 (0,4 a 1,8) quando o
gêmeo sem melanoma respondeu à mesma questão. Entretanto, para
algumas outras questões, como qual gêmeo se bronzeou mais ou teve
mais queimadura solar, não houve evidência de viés recordatório.
O viés recordatório não ocorre no estudo de coorte, pois as perguntas
sobre as exposições são feitas antes do diagnóstico da doença. Um estudo
de caso-controle sobre melanoma maligno aninhado em uma coorte que
coletou dados sobre exposição solar anos antes forneceu um teste direto
do viés recordatório: os investigadores compararam a exposição solar
autorrelatada nos casos e nos controles antes e depois de o caso ter sido
diagnosticado com melanoma (16). Os investigadores encontraram
algumas inacurácias na recordação da exposição, tanto nos casos quanto
nos controles, mas pouca evidência de viés recordatório (16). Portanto,
embora seja importante considerar a possibilidade de viés recordatório,
esse viés não é necessariamente inevitável (17).
Além das estratégias para controlar viés de aferição apresentadas no
Capítulo 4 (padronização das definições operacionais das variáveis,
escolha de abordagens objetivas, suplementação das variáveis principais
com dados de várias fontes, etc.), duas estratégias específicas podem ser
usadas para evitar vieses na medição das exposições em estudos de caso-
controle:



  • Usar dados registrados antes da ocorrência do desfecho. Pode ser
    possível, por exemplo, avaliar registros médicos perinatais em um
    estudo de caso-controle sobre a administração IM de vitamina K como
    fator de risco para câncer. Essa estratégia, embora excelente, depende
    da disponibilidade de informações registradas sobre o fator de risco de
    interesse que sejam de razoável confiabilidade. Por exemplo, os dados
    sobre a administração de vitamina K muitas vezes estavam ausentes nos
    registros médicos, e a forma de lidar com esses dados faltantes afetou
    os resultados de alguns estudos sobre vitamina K como fator de risco

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