Banco Central do Brasil
Revista Época/Nacional - Noticias
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - IPCA
parte de um portfólio de 817 atletas apoiados pela
patrocinadora, que ainda é dona de clubes de futebol e
de equipes da Fórmula 1.
Para Alison Cerutti, entrar nesse time foi o que lhe
permitiu engrenar na carreira. Antes disso, ele chegou a
dormir clandestinamente em quartos de hotel de amigos
porque não tinha dinheiro para as diárias e a jejuar
quando a grana estava curta. Para conseguir se manter,
precisava ganhar tudo que disputava e assim abocanhar
o dinheiro das premiações. Ele iniciou a carreira com o
“paitrocínio”. Seu pai, Abílio, já falecido, trabalhou na
roça, dirigindo trator e capinando terreno. Virou
atendente em uma loja de material de construção e
chegou a ser dono de uma microempresa de serviços e
equipamentos de telefonia. Não sobrava tanto assim,
mas conseguiu ajudar o filho até o dia em que o negócio
fechou.
Mas a vida de Cerutti melhorou mesmo depois que ele
ganhou o apoio oficial da marca. O jogador disse que foi
observado pela empresa, sem saber, um ano antes da
proposta de parceria, em 2007. “Apostaram em mim.
Vejo que fazem isso com outros atletas também.
Geralmente se associam a atletas com perfil descolado
e com futuro em sua modalidade”, contou ele, que já
teve sete duplas na areia, em entrevista a ÉPOCA. “De
lá para cá, já vivi do céu ao inferno, pódios olímpicos e
contusões e cirurgias. E estamos juntos.”
No setor privado, o patrocínio esportivo pode ter
diversas finalidades. A empresa pode querer usar as
competições, as equipes e os atletas para fazer ações
de relacionamento com clientes, e aí o retorno é
meramente financeiro. Ou pode querer valorizar sua
marca para entrar em novos mercados e chegar a
novos públicos. Em pouco tempo, a Red Bull se tornou
uma das referências no esporte, mesmo sendo uma
empresa criada apenas em 1987 e que vende um único
produto.
Para o publicitário Luiz Lara, sócio fundador da
Lew’LaraTBWA, do grupo Omnicom, que nunca atendeu
a Red Bull, este é um case de construção de marca em
cima de experiência. Segundo ele, a empresa aproxima
o esporte do entretenimento. “O que ela faz tem muita
aderência. Apoia atletas desde o começo, viabiliza suas
carreiras e sabe contar essas experiências de forma
cool e leve. Isso dá muita força e verdade para a marca,
já que vivemos numa época em que as pessoas querem
se identificar com marcas que tenham causa e
propósito”, analisou o publicitário. “Além disso, sabe
gerar interações e conteúdo que informam e entretêm.
Vivemos na era da experiência, que vira conteúdo, que
é consumido nas redes sociais, compartilhado e que
viraliza. Aquilo deixa de ser conteúdo da marca para
virar conteúdo das pessoas. Ela faz isso com muita
leveza.”
Desde o início, a marca se conectou com o público
jovem, modalidades radicais e esportes de neve. O
skate, o surfe e a escalada, que hoje integram o
programa olímpico, estão nessa lista, que conta com
cerca de 100 modalidades. O breakdance, aprovado
para a edição de Paris, em 2024, é um velho conhecido.
“A Red Bull ajudou a desenvolver o skate, incluindo o
feminino”, afirmou Yndiara Asp, 13ª do mundo na
modalidade park e que busca classificação para Tóquio.
“É uma marca que tem contato com a juventude,
projetos meio loucos e que vai se atualizando sempre.
Nunca imaginei que estaríamos numa Olimpíada e,
antes disso, não me imaginava vivendo
profissionalmente do skate. Foi uma aposta.”
Antes de abandonar a faculdade de educação física
para se dedicar exclusivamente ao esporte, Asp não
tinha ideia de como se sustentaria. Francisco, seu pai,
surfista nas horas vagas, não tinha condições de pagar
os R$ 10 por hora para que ela usasse pistas
particulares em Florianópolis. Chegava a economizar na