MAÍLSON DA NÓBREGA - Por que é difícil privatizar
Banco Central do Brasil
Revista Veja/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
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Autor: MAÍLSON DA NÓBREGA
Realidade e mitos sobre empresas estatais
Empresas estatais são um fenômeno do século XIX na
Europa e no Japão, e do século XX no Brasil. Foram
criadas para suprir o desinteresse ou a falta de
condições do setor privado em áreas fundamentais para
o desenvolvimento.
Na Europa, o enriquecimento do Reino Unido com a
Revolução Industrial incentivou outros países a seguir o
mesmo caminho. Eles não possuíam, todavia, as bases
do capitalismo britânico, construídas durante séculos,
incluindo bancos, ferrovias, indústria naval e outras.
Resolveu-se a deficiência com companhias controladas
pelo governo.
Na Grã-Bretanha, a grande maioria das estatais surgiu,
como no Brasil, após os anos 1950. O setor público
assumiu áreas ditas “estratégicas”: ferrovias, petróleo e
gás, aviação, siderurgia e telecomunicações. O Banco
da Inglaterra — o banco central —, privado desde sua
criação (1694), foi estatizado. Pouco mais de três
décadas depois, no governo Margaret Thatcher, iniciou-
se a privatização. Motivação: ineficiências, custos
excessivos e desnecessidade de tais empresas. A ideia
se espalhou mundo afora.
No Japão, as estatais nasceram com a restauração da
dinastia Meiji (1868). Delegações foram enviadas a
países ocidentais para copiar e adaptar a tecnologia, os
métodos e as instituições que explicavam sua
prosperidade. Copiou-se até a vestimenta ocidental.
Voltadas para a industrialização, tais companhias
atuavam em ferrovias, telecomunicações, têxteis,
estaleiros, mineração e atividades intensivas de capital.
Tão logo o setor privado pôde assumir essas atividades,
privatizou-se em larga escala (anos 1880 e 1890),
inclusive por causa dos elevados custos fiscais de sua
operação.
No Brasil, a estatização se enraizou, mesmo tendo-se