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(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Noticias
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - B3

Com tanta empresa disposta a compensar suas
emissões, os reguladores mundo afora estão se
mexendo para regular o comércio desses ativos
invisíveis. O artigo 6 do Acordo de Paris, tratado global
de 2015 para reduzir as emissões até impedir o
aquecimento do planeta, trata da criação de um
mercado global de carbono, mas até agora segue sem
uma regulamentação de como, de fato, isso vai
funcionar.


O tema deve ser o foco das discussões da 26a
Conferência do Clima da Organização das Nações
Unidas, a COP26, que seria realizada na Escócia em
dezembro do ano passado e foi remarcada para
novembro por causa da pandemia.


A expectativa é que, enquanto isso, países com planos
nacionais para descarbonizar suas economias, como
China, Japão e Coreia do Sul, fechem acordos bilaterais
com países interessados em receber esses recursos em
troca da manutenção de suas florestas.


Um arranjo desse tipo foi firmado recentemente entre as
autoridades da Suíça, dispostas a compensar suas
emissões, e seus pares em Gana e no Peru —
dispostos a manter suas florestas em pé.


Um dos alvos preferenciais dessa riqueza é o Brasil,
país tido como “a Arábia Saudita do carbono”, por ser
dono de 40% das florestas tropicais do mundo e por ser
grande produtor de energia limpa. O Ministério da
Economia trabalha na elaboração de um marco legal
para as transações de carbono no país. A expectativa é
de um plano apresentado até julho.


Por ora, o governo tenta alavancar o RenovaBio,
certificação de empresas da cadeia de biocombustíveis,
como produtores de soja e cana-de-açúcar. O programa
estreou em abril do ano passado e já emitiu 18 milhões
de títulos de carbono, registrados na B3, a bolsa
brasileira, que está acompanhando de perto esse
mercado.


“Assim como já fazemos para ativos financeiros e


valores mobiliários, podemos prestar esse tipo de
serviço no mercado de carbono”, diz Fábio Zenaro,
diretor da B3 encarregado de novos negócios.

A bolsa segue os passos da Moss, a primeira bolsa de
carbono brasileira e uma das pioneiras no mundo,
aberta no começo do ano passado com a proposta de
conectar produtores rurais a companhias dedicadas a
compensar as emissões. Nas contas do fundador da
Moss, Luis Felipe Adaime, o mercado pode movimentar
45 bilhões de dólares no Brasil caso todas as florestas
sejam usadas para sugar o carbono. “Nenhum país tem
esse potencial”, diz Adaime.

Com mais gente facilitando o elo entre quem polui e
quem limpa a poluição, a cadeia do carbono tende a
beneficiar mais gente. Até mesmo pequenas
companhias, como a rede de cafeterias Café da
Margem, conseguem compensar o carbono gerado nas
operações para oferecer um diferencial aos clientes: a
rede vende um cafezinho que já vem acompanhado de
um crédito de carbono que zera a emissão do produto.

Em janeiro, a fabricante brasileira de biocombustíveis
ECB fechou contrato para fornecer 500 milhões de litros
de combustível às petroleiras Shell e BP a partir de


  1. Os gigantes estão interessados em neutralizar
    suas emissões para fazer frente à pressão de
    reguladores em locais como a Califórnia por
    combustíveis mais limpos.


“As empresas poluidoras pagam pelo carbono que nós
capturamos, e recebemos um prêmio no preço do nosso
diesel. Indiretamente, esse valor beneficia o produtor
rural, que vende por um preço maior”, diz Erasmo
Carlos Battistella, fundador da ECB. Visionários como
Battistella, Adaime e Stoppe já perceberam o valor do
carbono. A torcida é para que mais gente descubra essa
riqueza - e logo.

DILEMA FÓSSIL


Cotações do petróleo sobem com expectativa de
retomada, mas transição da indústria já começou
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