Viaje Mais - Edição 191 (2017-04)

(Antfer) #1
VIAJEMAIS 71

O clima de festa impera em
Cuba desde que a ilha era ape-
nas um parque de diversões de
figurões e mafiosos americanos
entre 1930 e 1950. Nessa época,
Havana era a meca da jogatina.
Al Capone e Mever Lansky, um
dos fundadores de Las Vegas,
costumavam passar longas tem-
poradas na cidade. Nem mesmo
a recente despedida de Fidel Cas-
tro silenciou a capital, apesar da
forte consternação geral. Tam-
pouco as desavenças políticas dos
Castro com os vizinhos ianques e
o longo embargo econômico im-
posto ao país, que desaceleraram
a evolução tecnológica de Cuba,
afetaram o ritmo da noite cari-
benha. Ali, a ordem é celebrar os
prazeres da vida, e sempre que
possível com os drinques à base
do tradicionalíssimo rum Hava-
na Club, no qual o mojito é uma
das grandes pedidas, junto com
a cuba-libre e o daiquiri.
O mais legal em Havana é
“viajar” pelos cenários de uma
das cidades mais antigas das
Américas, fundada em 1515 pe-
los espanhóis, e que mantém uma
incrível astral vintage, presen-
te nas arquiteturas dos prédios
centenários e nos carrões antigos
que seguem rodando, muitos de-
les como veículos de aluguel. Há
cerca de 60 mil deles circulando
pelas ruas da cidade. Se curtir
a ideia, é só alugar um cadillac
conversível, colocar o Ray Ban e
entrar no clima também.
Um clássico city tour geral-

mente começa em Havana Vieja,
bairro tombado pela Unesco por
sua arquitetura histórica, que é
uma das poucas ainda preserva-
das do país. No coração do bair-
ro, a Plaza de Armas é o melhor
lugar para ter uma amostra da
fauna humana local: artistas de
rua, músicos, jovens bailarinas
no intervalo das aulas do Ballet
Nacional e insistentes ambulan-
tes tentando empurrar charutos
falsos. Com exceção dos ven-
dedores inconvenientes, vale a
pena render papo com os locais.
Os cubanos, de forma geral, são
alegres e muito receptivos, lem-
bram bastante os brasileiros nes-
se sentido. Costumam quebrar
o gelo falando sobre futebol ou
sobre as novelas, uma paixão
nacional. Quando confirmaram
minha nacionalidade, um grupo
afoito se juntou ao meu redor
para indagar sobre a identidade
do assassino de Insensato Cora-
zon, reprise de uma novela da
Globo que empolgava multidões
no país.
Outro programa obrigatório
no bairro é conferir a impactan-
te arquitetura neoclássica do Ca-
pitólio Nacional, antiga sede do
governo cubano, que teve o seu
projeto inspirado no capitólio de
Washington, na época em que os
americanos ditavam as ordens na
ilha. O interior é decorado com
afrescos no teto, no hall, há uma
imponente estátua de Minerva.
A melhor forma de chegar a esse
cartão postal é fazer a caminhada

O agito é constante
nas ruelas de
Havana Vieja; ao
fundo, a torre do
Capitólio
Em Cuba, tudo acaba em salsa, e o que não falta


nas ruas de Havana é gente tocando e dançando.


O país parece viver em festa.


Fotos

: shutterstock
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