Exame Informática (Junho 2020)

(NONE2021) #1
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EDIÇÃO 300

Por esta altura, já deve saber que a tecnologia da Realidade
Virtual (RV) substitui o contexto físico por um 100% digital,
ou seja, promove a imersividade do utilizador num contexto em
que se consegue interagir com elementos que não são os que
estão presentes no mundo físico. Já a Realidade Aumentada
(RA) não quer fazer uma substituição de contextos, mas sim
sobrepor elementos digitais ao contexto físico, alterando assim
o seu significado. Por sua vez, a Realidade Mista (RM) refere-se a
dispositivos que permitem ao utilizador alternar entre RV e RA, ou
seja, aceder aos dois tipos de tecnologia num único equipamento.
Dos três tipos de Realidade, a RM é a que tem o maior potencial
a longo prazo, embora, como frise a HP num white paper cedido à
Exame Informática, seja a menos madura, já que a RA tem vindo
a ser cada vez mais adotada no mundo empresarial (e até se
destacou no jogo Pokémon Go) e a RV chegou a algumas lojas que
a usam para os clientes fazerem 'provas' de roupa e à indústria
automóvel, que assim evita a construção de dispendiosos
protótipos. A Microsoft começou por fazer uma aposta na RM,
mas, como salienta em entrevista Luís Martins, co-presidente da
VR/AR Association – Portugal e Head of Marketing da IT People
Group, os dispositivos usados são basicamente headsets de RV
criados por outros fabricantes (Acer e HP, por exemplo). A exceção
são os HoloLens, que até foram recentemente utilizados numa
intervenção cirúrgica em Portugal. Olhando para o futuro, Luís
Martins refere que as velocidades de download muito mais rápidas
proporcionadas pelo 5G, o aparecimento de mais smartglasses
onde não há fios e o facto de a Web AR se tornar um standard
(para partilhar experiências por links em vez de se ter de instalar
apps e para ser possível indexar e fazer pesquisa de conteúdos)
vão fomentar estas Realidades. É igualmente expectável que a
RM venha a ser uma tecnologia primordialmente vocacionada para
a área profissional – há já perto de 100 empresas em Portugal a
trabalhar nestas diferentes Realidades (de empresas com duas a
três pessoas até à Siemens) –, mas alguns aspetos podem trazê-la
mais para a área do consumo. Um deles é a previsível entrada da
Apple no segmento, que poderá tirar proveito do seu ecossistema
que lhe permite controlar as áreas de hardware e software para
proporcionar melhores experiências. Depois há investigações
como a da Universidade de Northwestern que está a desenvolver
um protótipo que usa um material flexível com componentes
vibratórios na pele para transmitir a sensação de toque em RV.
Esta “RV epidérmica” recorre a NFC para transmitir dados e pode
ser usada em pessoas com amputações ou até em jogos. P. M.


A descarbonização da economia é essencial
para um futuro mais sustentável, o que
significa que a energia elétrica será, cada
vez mais, a base da atividade humana.
Como boa parte da energia elétrica que
consumimos ainda é proveniente de fontes
fósseis, é fundamental a mudança para
fontes de energia renováveis. Não só ao
nível das centrais elétricas, mas também
recorrendo à microgeração, ou seja, à
produção local de energia. O que pode ser
feito nas nossas casas e empresas, mas
também num formato mais partilhado,
como em condomínios e aldeias. Neste
aspeto, há nova legislação para permitir o
autoconsumo coletivo e as comunidades
de energia renovável. Uma das grandes
vantagens da microgeração é que facilita o
desenvolvimento de redes inteligentes de
produção distribuída e aumenta a eficiência
porque há menos perdas associadas ao
transporte de energia por longas distâncias.
Isto significa que, no futuro, será comum
estabelecermos contratos híbridos com
fornecedores de energia, que incluem uma
componente de produção própria. Será, por
exemplo, habitual os edifícios de habitação
estarem equipados com placas solares nos
telhados e até nas paredes para produzirem
energia. Sistemas inteligentes distribuirão
esta energia em função das necessidades
dos moradores e venderão a produção em
excesso à rede. Cada vez mais se utilizará
baterias para armazenar energia produzida
em excesso durante dias solarengos (ou
ventosos). Estas baterias poderão ser
estáticas, muitas vezes reutilizadas a partir
de carros elétricos que atingiram o fim de
vida, ou estar incluídas nos veículos elétricos
graças à tecnologia de carregamento
bidirecional – os carros recebem energia
quando há produção em excesso e devolvem
a energia à rede para suprir picos ou reduzir
consumos nos períodos em que a energia é
mais cara. Uma realidade mais próxima do
que podemos pensar visto que, segundo os
dados mais recentes da Direção-Geral de
Energia e Geologia, entre abril de 2019 e
março de 2020, a produção descentralizada
anual foi superior a 560 mil megawatts hora
(MWh), a que se soma os cerca de 66500
MWh das Unidades de Pequena Produção
(UPP). O equivalente à energia gerada numa
central elétrica de pequena dimensão. S.M.

PRODUZIR A


ENERGIA QUE


CONSUMIMOS


A QUINTA DIMENSÃO

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