EDIÇÃO 300
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Assistente, Siri, Cortana, Alexa... – os assistentes
digitais de Google, Apple, Microsoft e Amazon,
respetivamente, ganham cada vez maior
preponderância na vida dos utilizadores e a
tendência irá intensificar-se nos próximos anos.
É que esta interface de linguagem faz parte da
revolução da machine learning (ou aprendizagem de
máquina), que está a contribuir para melhorar muitas
tecnologias associadas, como o reconhecimento
de voz, a compreensão de linguagem natural ou
o reconhecimento de imagem. Behshad Behzadi,
Distinguished Engineer na Google, revela em
entrevista à Exame Informática que nos próximos anos
assistiremos a “uma redução nas falhas”, o que nos
permitirá exprimirmo-nos de forma mais livre sabendo
que o assistente será capaz de compreender. Além
disso, os assistentes tornar-se-ão mais proativos –
exemplo: à noite, sugerirá colocar um alarme para
acordar no dia seguinte – e marcarão presença em
muito mais dispositivos, já que os chips capazes de
reconhecimento de voz e compreensão de linguagem
natural estarão disponíveis em formatos cada vez
mais compactos. Portanto, até brinquedos terão esta
tecnologia. Por outro lado, assistir-se-á a uma espécie
de fusão entre assistente digital e sistema operativo.
“Já usamos o assistente como uma interface para
executar determinadas ações no sistema operativo
(ver um vídeo no YouTube, por exemplo) e no futuro ele
será ainda mais importante no contexto de um sistema
operativo inteligente”, explica Behshad Behzadi. Há
ainda que ter em conta a vertente de personalização,
com o assistente a ser capaz de compreender cada
vez melhor o contexto de cada utilizador para se tornar
mais útil em cada caso específico. É que, além de ser
capaz de fornecer informações acessíveis a todos
(como vai estar o tempo e por aí fora), os assistentes
conseguem aceder a dados pessoais presentes nos
dispositivos, o que permite, por exemplo, mostrar
fotografias de uma situação específica com apenas
um comando de voz em vez de ter de andar a percorrer
centenas ou milhares de imagens à procura, sendo que
o resultado é diferente para cada utilizador. O objetivo
principal do assistente é que não deverá mudar: ajudar
o utilizador a ganhar tempo em tarefas repetitivas.
Como salienta Behshad Behzadi, “ainda estamos no
início de uma longa jornada e os sinais que registámos
nos últimos anos são muito promissores”, mas há
desafios pela frente: as inúmeras línguas e sotaques
existentes ou os barulhos envolventes quando damos
comandos de voz; e, do ponto de vista educacional,
conseguir explicar às pessoas o que o assistente é
capaz de fazer. “É uma área em que quanto melhores
nos tornamos, mais difícil é melhorar – por exemplo,
reduzir as falhas de reconhecimento no inglês no
Assistente de 25% para 5% foi mais fácil do que agora
baixar de 5% para 3%”, sintetiza o responsável. P. M.
A evolução da capacidade de desempenho dos
smartphones faz com que hoje já possamos dizer
que andamos com um computador no bolso –
particularmente se falarmos no Samsung Galaxy
Z Flip que se dobra até ficar com as dimensões de
87x73x17,3 mm. Mas no futuro teremos mesmo
PCs (daqueles que classificamos como portáteis
atualmente) de dimensões compactas e ecrãs
dobráveis. A Intel está a apostar no segmento e a
Lenovo deu o tiro de partida com o ThinkPad X1 Fold.
Kevin Beck, Senior Competitive Analyst da Lenovo,
explica em entrevista à Exame Informática que o
conceito “ainda está na infância” e que são processos
longos, revelando que o X1 Fold foi resultado de uma
iniciativa que levou quatro anos. Como ainda está
longe de ser uma tecnologia madura, há uma grande
margem de progressão e Kevin Beck acredita que
crescerá muito daqui a cerca de cinco anos, já que
considera que, nessa fase, o custo deve ter baixado
para valores mais em conta. É que é preciso ter em
conta que há vários desafios de engenharia na criação
de computadores dobráveis, não se trata apenas de
desenvolver um ecrã que dobra – há a moldura, as
diferentes camadas do painel, as dobradiças, a bateria,
o processador, etc. O analista da Lenovo acredita que
ainda pode demorar, mas que, “a longo prazo, sem
dúvida, todos os fabricantes entrarão neste mercado”.
André Gonçalves, WEMEA Technical Marketing
Manager PC & Gaming da Asus, explica que, “neste
momento, conceitos como o nosso Project Precog
[que junta um portátil de dois ecrãs com IA avançada]
ou os dobráveis estão limitados pela plataforma de
software”. Kevin Beck afirma que, “a longo prazo tem
de haver parcerias, razão pela qual anunciámos que
o nosso principal sistema operativo para o X1 Fold
será o Windows 10 X” para melhorar a experiência
de utilização quando o dispositivo está dobrado. No
futuro, a tendência será ter computadores dobráveis
ainda mais pequenos e finos, porque, recorda o
responsável da Lenovo, “se olharmos há 10 anos o
que nos parecia fino na altura é agora considerado
muito grosso”. Mas “haverá um limite”, refere o analista,
citando, de seguida, o antigo líder de desenvolvimento
da marca chinesa para dizer que “nunca haverá um
portátil com zero milímetros de espessura”. P. M.
“AMBRÓSIO,
APETECE-ME ALGO...”
UM PORTÁTIL
NO BOLSO DAS CALÇAS