Exame Informática (Junho 2020)

(NONE2021) #1
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de mais 250 em 2020), Le Wagon (350 formados desde 2016,
mais 150 neste ano), SmartNinja (69 formados até à data) e
Wild Code School (26 formados no ano passado, mais 40 em
2020), no final do ano deverão ser mais de 2300 os profissio-
nais tecnológicos no mercado e nascidos de uma mudança
de carreira. Os cursos variam, entre si, na duração da fase
de ensino e do estágio e, não menos importante, no valor da
inscrição: o custo difere de caso para caso, mas chega a ser de
€6500. Ainda que o valor do investimento seja considerável,
a empregabilidade quase certa e os ordenados acima da média
ajudam a racionalizar o risco e o investimento.
O número de requalificados promete explodir a curto prazo:
recentemente, o Governo anunciou a intenção de requalificar
três mil pessoas, no período de um ano, para a área tecnológica.
O valor de referência para os salários é de 1200 euros. Existem
ainda outras iniciativas mais especializadas que também estão
a fazer mexer o mercado: a Google revelou à Exame Informática
que 3300 pessoas fizeram a formação de programação em
Android, gratuita, que a empresa disponibilizou em 2019 em
parceria com algumas universidades. Os alunos de escolas
técnicas e de informática foram os que mais procuraram a
iniciativa. “O foco consistiu na formação no desenvolvimento
de aplicações Android utilizando tanto Java como tecnologias
mais modernas, como Kotlin e JetPack [mais focado no sistema
operativo Android 10]”, explica, por e-mail, Andrés Martínez,
responsável da Google pelas relações com programadores em
Portugal e Espanha.


RECRUTAMENTO EM FORÇA SÓ EM 2021
A própria ‘indústria’ da requalificação vai continuar a mexer.
Recentemente foi criado o Recodme, uma iniciativa de requa-
lificação profissional direcionada para quem tem até 29 anos e
que já está a ensinar as linguagens de programação C# e .Net
a 20 pessoas. Como explica Rebecca Santos, responsável por
esta nova iniciativa, o programa foi criado em parceria com o
Instituto de Emprego e Formação de Portugal (IEFP). “Sabe-
mos que a área das tecnologias da informação está em grande
crescimento e desperta cada vez mais curiosidade nas pessoas,
em termos de trabalho e carreira”, diz, sobretudo numa fase
como aquela que atravessamos. “A formação tem um papel
fundamental em momentos de incerteza. No futuro próximo
surgirão novas oportunidades e as pessoas vão conseguir
abraçá-las mais facilmente”, defende ainda. E que a pandemia
provocada pela Covid-19 vai ter impacto, até numa área em
forte expansão, disso ninguém duvida.


Álvaro González admite, sem rodeios, que “os estudantes
estão ansiosos, especialmente os que se formaram em março”.
Não é para menos: vem aí uma das maiores quebras de sempre
na economia e isso vai resultar numa retração no mercado de
trabalho, incluindo no tecnológico. “Ainda é muito incerto, mas
a minha aposta é que vão haver meses de contratação lenta,
até ao final do ano muito provavelmente. Algumas empresas
não vão sobreviver à crise e vão fechar, e outras vão focar-se
em sobreviver e contratar novo talento não será prioridade.
Assim que este congelamento passar, não há razão para que
as empresas não continuem a contratar talento tecnológico”.
Nuno Vaz Santos, da Critical Software, concorda. “No início do
próximo ano vai haver outra vez uma necessidade enorme de
engenheiros informáticos, pois vai haver ferramentas novas”,
defende, numa alusão à preparação que empresas de vários
setores vão fazer para um eventual novo confinamento ou crise.
Se se sente como o Emanuel Sousa se sentia em 2017, o pró-
prio recorda que teve receio de que a requalificação não fosse
suficiente para entrar no competitivo mundo da programa-
ção. A prática, já a trabalhar, afastou este sentimento, e hoje
sente-se tão competente como qualquer programador com o
mesmo nível de experiência. A decisão que tomou, garante,
foi a acertada. “Estive muito tempo com uma profissão pela
qual não sentia tanto apreço, agora gosto bastante, foi uma
mudança da qual não me arrependo”.

REBECCA SANTOS EXPLICA QUE A GRANDE
DIFERENÇA DO PROGRAMA DE REQUALIFICAÇÃO
RECODME É QUE NÃO TEM CUSTOS PARA OS
ESTUDANTES, SENDO SUPORTADO PELO IEFP.
“OS ESTUDANTES AINDA RECEBEM SUBSÍDIO:
DE FORMAÇÃO, ALIMENTAÇÃO E TRANSPORTE”

"ESTAMOS A TRABALHAR PARA INCLUIR UMA
EDIÇÃO EM 2020 EXPANDINDO O CONTEÚDO E O
NÚMERO DE CENTROS [DE FORMAÇÃO]", REVELA
ANDRÉS MARTÍNEZ SOBRE OS PLANOS PARA
O PROGRAMA DE TREINO EM PROGRAMAÇÃO
ANDROID EM PORTUGAL
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