Sínteses de autores-secundário.2021

(José Nuno Araújo) #1
O essencial (guia prático) de Português – ensino secundário

17. “FELIZMENTE HÁ LUAR!” - (SÉC. XX), LUÍS STTAU MONTEIRO


Estrutura externa : estrutura dual: peça em dois atos, não apresentando qualquer divisão em cenas.
Os dois atos correspondem a momentos diferentes da evolução da diegese (história ou ação) dramática: no ato I
é feita a apresentação da situação, mostrando-se o modo maquiavélico como o poder da Junta de Regência
funcionam, não olhando a meios para atingir os seus objetivos; o ato II conduz o espectador ao campo do
antipoder contra a Junta de Regência e da resistência. Estas são sugeridas pela entrada e saída de personagens
e pela luz.
Estrutura interna: Não respeita a forma clássica, nem obedece à regra das três unidades (de lugar, de tempo e
de ação), no entanto o esquema clássico está implícito (exposição – apresentação das personagens e
abordagem do conflito, conflito – desenvolve-se entre um passado de repressão e obscurantismo (governadores)
e um futuro que se anuncia de esperança e de liberdade e desenlace – desfecho do conflito). A apresentação
dos acontecimentos processa-se pela ordem natural e linear em que ocorrem, facilitando assim a sua
compreensão.
A Obra: Tempo da História: século XIX...Tempo da Escrita: século XX
Objetivo: Levar a sociedade (público) a tomar consciência da realidade, pois a tomada de consciência leva à
ação e a ação leva à mudança.
Caráter épico: é um drama narrativo, de caráter social, revelando alguns dos princípios do teatro épico:
 Visa mostrar a realidade em vez de a representar;
 São evocadas personagens heróicas do passado, como pretexto para falar das do presente;
 Põe em evidência a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as
formas de perseguição, atribuindo-lhe capacidades excecionais, próximas de seres mitológicos.
PERSONAGENS: É possível agrupar algumas personagens segundo as suas posições.
 Representantes do poder político: Marechal Beresford (poderoso, mercenário, interesseiro, calculista,
sarcástico, de caráter autoritário, intolerante, pragmático e um homem de ação, mau soldado, mas bom
estratega; representante do poder militar); Principal Sousa (fanático, corrompido pelo poder eclesiático,
odeia os franceses, consciência culpada e receoso); D. Miguel Forjaz (prepotente, autoritário, mercenário,
assustado, corrompido pelo poder, vingativo, frio, desumano e calculista); Gomes Freire, embora nunca
apareça, está sempre presente (carismático, preocupa os poderosos, acredita na justiça e luta pela liberdade,
ideialista, justo, determinado e corajoso; único, íntegro e igualitário).

Os Delatores ou “Bufos” do regime salazarista: Morais Sarmento; Andrade Corvo (ambiciosos e


desejoso por subir na vida, procuram riqueza sem escrúpulos, entregando o General Gomes Freire de
Andrade); Vicente (sarcástico, falso humanitarista, movido pelo interesse da recompensa material, ambicioso,
despreza o povo, hipócrita, traidor; é a única personagem que evolui na obra, começa como membro do povo
e acaba no grupo dos delatores, elevado a chefe da polícia).
 Povo: Matilde de Melo (corajosa, reage violentamente ao ódio e as injustiças, lutadora, luta por lealdade,
justiça e verdade); Principal Sousa (corrompido pelo poder, semeia o confronto em vez da paz, manifesta
ódio a si próprio, nos momentos anteriores a execução de Gomes Freire, cobarde), Manuel (denuncia a
opressão ao povo, representa o povo oprimido e esmagado, é lúcido e consciente e usa linguagem popular
que combina com o realismo da obra, assume algum protagonismo por dar início aos dois atos).
 As Individuais:
 António de Sousa Falcão, o amigo do general; Frei Diogo de Melo (o homem sério da igreja; o lado
bom da igreja, homem com compaixão, conforta Matilde, defende Gomes Freire e opõe-se ao Principal
Sousa);
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