Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

queda de mais de 20% nas ações, perda de R$ 70
bilhões no valor de mercado somente na segunda-feira,



  1. Em resposta à violação dos princípios de
    governança, a Comissão de Valores Mobiliários abriu
    investigação. Não será surpresas e acionistas
    minoritários recorrerem à Justiça. Na Petrobras, 43% do
    capital total estão em mãos estrangeiras; brasileiros
    detêm 20%. De quebra, o presidente desencadeou nova
    rodada de desvalorização do real, com o dólar
    alcançando R$ 5,53. A alta da moeda americana eleva
    preços dos combustíveis, bem como de outros itens da
    cesta de consumo das famílias. E inflação na veia.


Os atos do presidente lançaram dúvidas sobre o
compromisso com a agenda liberal que o levou ao
Planalto e sobre a permanência do ministro Economia,
fiador do projeto. Ações do Banco do Brasil
despencaram, com a perspectiva de substituição de
André Brandão na presidência. Os papéis da Eletrobras
recuaram, até Bolsonaro ir ao Congresso entregar a
medida provisória que delineia a desestatização da
companhia.


Jair Bolsonaro incrementou o ambiente de instabilidade
numa economia cercada de incertezas pelo PIB
vacilante e pela pandemia galopante. Agiu
irresponsavelmente, como de hábito, tendo tema
legítimo a debater com o Brasil. Se salvou a empresa da
insolvência, a política de preços em paridade com a
cotação internacional do petróleo e o câmbio,
inaugurada pela Petrobras desde 2017, no governo de
Michel Temer, fragiliza o funcionamento de uma
economia dependente do modal rodoviário, mazela
estrutural que, até aqui, não foi prioridade do presidente
que adora registrar em tuítes a pavimentação de
estradas e inaugurar pontes.


O Brasil depende do diesel, e o sobe e desce dos
preços impacta o valor do frete, os custos de produção
das empresas e o orçamento das famílias. Tem sentido
econômico-financeiro para a companhia, mas causa
mal-estar na sociedade. Aconteceu em 2018 na greve
de caminhoneiros que derrubou o PIB; está
acontecendo agora. E desejável o debate amplo sobre o
melhor regime de preços para um país dependente do


petróleo, bem como a necessária transição para um
futuro com sistema de transporte mais eficiente (ferrovia
e navegação, por exemplo) e fontes renováveis de
energia. O governo tem o papel de elaborar e aplicar o
regime tributário capaz de atenuar flutuações.

No melhor estilo viúva da ditadura, Bolsonaro preferiu
devolver a Petrobras ao comando militar, o que parecia
superado desde a redemocratização. E torná-la um
departamento de obras públicas, se Silva e Luna repetir
na estatal a gestão de Itaipu, elogiada pelo mandatário.
No mesmo dia em que foi indicado à Petrobras, o site
da hidrelétrica exibia alentado texto sobre os dois anos
de gestão do general. Informava investimentos de R$
2,5 bilhões em iniciativas como duplicação de estradas,
reforma de delegacia e hospital, construção de mercado
e ciclovia. A atividade-fim de Itaipu, diz o texto, é a
geração de energia: "Sua missão, no entanto, é
contribuir para o desenvolvimento econômico e social
dos dois países sócios (Brasil e Paraguai)". É o avesso
do liberalismo, plataforma do então capitão candidato.
Estelionato eleitoral para quem acreditou que votaria no
livre mercado.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas, Banco Central - Perfil 1 - Paulo
Guedes, Banco Central - Perfil 1 - André Brandão,
Banco Central - Perfil 3 - Reforma Tributária
Free download pdf