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alar é um dos aspectos mais triviais
de nossa vida cotidiana. Tão roti-
neiro e habitual que nós raramente
paramos para pensar no quanto a re-
lação entre linguagem e cultura é interativa.
Essa naturalidade da fala é uma impressão
ilusória que esconde por trás de si uma trama
altamente complexa, quase sempre condicio-
nada pelos hábitos linguísticos da comunida-
de de falantes à qual pertencemos.
Como qualquer outra invenção cultural, a
língua tem forte infl uência sobre nossa per-
cepção de mundo. A maneira como lemos e
vemos a realidade é fortemente condicionada
pelo uso que fazemos dela.
No espaço das interações sociais, a língua
nada mais é do que o meio de expressão de
uma sociedade. E a linguagem é uma forma
de pensar e perceber a realidade, que pode ser
ensinada e aprendida. Através da linguagem
aprendemos a perceber e nomear o mundo à
nossa volta.
As palavras não apenas nomeiam as coisas,
mas também determinam crenças, sentimen-
tos e diferenças, consolidando os valores domi-
nantes em uma dada comunidade de falantes.
Por isso, ao analisar o modo como homens
e mulheres falam em um determinado grupo
social, é preciso ir além das características mera-
mente gramaticais e analisar de que maneira o
código linguístico instaura certos valores e pre-
conceitos de caráter SEXISTA 1.
O padrão social daquilo que chamamos de
palavra tem forte infl uência na categorização
que fazemos das coisas e das pessoas.
Os vários tipos de experiências aos quais
somos diariamente expostos são condiciona-
dos pela interpretação que fazemos da reali-
dade a partir dos hábitos linguísticos de nossa
comunidade.
Como diz o antropólogo e linguista Sapir,
“nenhuma língua é tão semelhante a outra a
ponto de ambas representarem uma mesma
realidade. Os mundos em que sociedades di-
ferentes vivem são mundos distintos, e não
apenas mundos com diferentes rótulos”.LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA | 15CP-LPT77_14-19_LINGUA_VIVA_vs2.indd 15 28/05/2019 11: