Conhecimento Prático Língua Portuguesa e Literatura - Edição 77 (2019-06)

(Antfer) #1
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA | 49

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

SOBRE A AUTORA
*Maria Beatriz é jornalista e
professora de Língua Portuguesa,
especializada em Literatura.

OFICINAS DE ESCRITA CRIATIVA
Ofi cinas de escrita criativa, conhecidas
como EC, não são nenhuma novidade. Até no-
mes de peso participavam delas, como observa
o doutor em literatura e especialista em cursos
de escrita criativa João de Mancelos. “... Por
outro lado, de modo formal, contistas e roman-
cistas como Ernest Hemingway ou William
Faulkner frequentaram cursos, com proveito
para os seus leitores. Outros, como o poeta
Raymond Carver ou Toni Morrison — vence-
dora do Prémio Nobel da Literatura, em 1993 —
descobriram o seu talento graças ao apoio de
docentes e colegas de EC”. Sylvia Plath entrou
em parafuso por não ter sido aceita em um
dessas ofi cinas em Harvard.
Há um sem-número delas: de cursos para se
dar bem nas redações do ENEM a ofi cinas de ro-
teiristas para cinema, TV... O importante é saber
qual o objetivo de frequentar uma ofi cina ou
um curso, ensina Claro: “Vai prestar vestibular
ou quer lançar um romance? Porque as ofi cinas
são diferentes, têm metas diferentes e baseiam-
-se em proposições teóricas diferentes. De nada
adianta frequentar a ofi cina do escritor ‘X’ se o
que se necessita é saber fazer, adequadamente,
uma dissertação para determinada prova. Da
mesma forma, se o desejo é conseguir escrever
sua autobiografi a romanceada, de nada adianta
dedicar tempo a uma ofi cina mais voltada para
os futuros universitários”.
A ideia de “dom” para a escrita atrapalha o ca-
minho do escritor que se julga com pouco talen-
to para tal, ignorando as técnicas possíveis, uma
vez que eles não se dão conta de que somente
através da refl exão, rascunho, revisão, comunica-
ção com outras pessoas e, às vezes, mais refl exão
ainda, a maioria consegue saber o que pretende
fazer. O caminho da escrita não é fácil, como
atesta o já citado Hemingway, quando pergun-
tado sobre quantas vezes reescrevia o que fazia:
“Isso depende. Reescrevi o fi nal de Fareweel to
arms (Adeus às armas), a última página do livro,
trinta vezes, antes de sentir-me satisfeito”.

Pode parecer bem difícil, mas com
trabalho e tenacidade dá para encarar
a folha em branco ou o teclado sem
medo. Para isso, aqui vão algumas dicas
observadas pelos autores mencionados
nesta matéria:

1. Muito trabalho e
alguma inspiração
Assim como em qualquer outra profi ssão
ou tarefa, escrever requer aprendizado e
trabalho. Não se produz um texto somente
por inspiração. Há momentos, é verdade,
em que o start serve como um embrião,
mas que precisa ser desenvolvido.

2. Como aprender a
escrever criativamente
Ninguém nasce sabendo de tudo.
Aprendemos através da experiência. Em
relação à escrita criativa, a pessoa mais
talentosa para essa atividade é aquela
que batalha para conquistar a esponta-
neidade, a liberdade de escrever natu-
ralmente e aprender a usar as palavras
como forma de expressão.

3. Sugestões de profi ssionais
Escritores profi ssionais aparentemente
possuem uma experiência e uma inteli-
gência que a maioria das pessoas acredi-
ta que não irá conseguir chegar lá. Mas
se deve lembrar que, antes de entrar em
uma grande maratona, os corredores
treinam e se preparam. As regras a se-
guir são usadas por eles, que, se adota-
das, podem ajudar na prática da escrita:
Ter uma atitude mental correta, e isso
quer dizer ter uma mente aberta, recep-
tiva, livre de preconceitos que possam
limitar o raciocínio ou censurar a escrita.
Ler escritores consagrados e acumular
conhecimento.
Reservar um momento e lugar tranquilos.
Escrever de um jeito diferente do usado
no cotidiano.
Ser um observador atento.
Anotar ideias.

COMO CHEGAR LÁ


ALADIM, Débora. Redação
infalível. São Paulo: Companhia
das Letras, 2019.
BRASIL, Luiz Antonio de Assis.
Escrever fi cção. São Paulo:
Companhia das Letras, 2019.
FERREIRA, Aurélio Buarque de
Holanda. Novo dicionário Aurélio
da língua portuguesa. 8. ed.
revista e ampliada. Editora Nova
Fronteira, 2008.
GIGLIO, Zula Garcia. Criatividade
na produção de textos: estudo
da concepção de criatividade
entre professores de português
que lecionam de 5a. a 8a.
série. Campinas, SP: Tese de
Doutorado, 1996. Disponível em:
<http://www.cmu.unicamp.br/
seer/index.php/resgate/article/
viewArticle/130 <acesso em 18
mai 2019>.
HOUAISS, Antônio; VILLAR,
Mauro de Salles. Grande
dicionário Houaiss da língua
portuguesa. Instituto Houaiss de
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da língua portuguesa S/C. Rio de
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KOCK, Ingedore Grunfeld Villaça.
Desenvolvendo os segredos do
texto. 8 Ed. São Paulo: Cortez
Editora, 2015.
LAMOTT, Anne. Palavra por
palavra, instruções sobre
escrever e viver. São Paulo:
Editora Sextante, 2011.
MANCELOS, J. de. O Ensino da
escrita criativa em Portugal:
preconceitos, verdades e
desafi os. Revista Exedra, n.
9, março de 2010. p. 155-160.
Disponível em: http://www.
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em: 18 mai. 2019>.
MARCUSCHI, L.A. Da fala
para a escrita – atividades de
retextualização. 2. Ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
MOURA, Chico. MOURA, Wilma.
Tirando de letra. São Paulo:
Companhia das Letras, 2019.
ORTIZ, Maria Elena; BOCHINI,
Maria Otilia. Para Escrever Bem.


  1. Ed. São Paulo, 2006.
    PREDEBON, José. Criatividade:
    abrindo o lado inovador da
    mente: um caminho para
    o exercício prático dessa
    potencialidade, esquecida ou
    reprimida quando deixamos de
    ser crianças. 2. ed. São Paulo:
    Atlas, 1998.


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