Resultado é a pá de cal da temporada do juro baixo
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
sexta-feira, 12 de março de 2021
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Autor: RENATO ANDRADE
O avanço da inflação em fevereiro serviu como uma pá
de cal para a (curta) temporada do juro baixo no Brasil.
Não é para menos. Em um único mês, os preços
subiram 0,86%, considerando a cesta de produtos e
serviços medidos pelo IPCA, o índice que o Banco
Central usa como balizador para a meta de inflação no
país.
O comportamento dos preços é feio sob qualquer ponto
de vista. Nos últimos 12 meses, por exemplo, o avanço
foi de 5,20%. Se achar melhor avaliar apenas o que
aconteceu em 2021, ou seja, no primeiro bimestre, a
subida é de 1,11%.
Para quem gosta de encontrar culpados, a gasolina é a
grande vilã do mês do carnaval que não houve. Os
reajustes no preço do combustível responderam por
quase metade de toda a variação do IPCA em fevereiro.
Mas olhando no detalhe, o que se percebe é que há
uma alta generalizada do custo de vida, o que os
economistas chamam de índice de difusão. No caso do
IPCA, está acima de 60%, ou seja, de cada dez
produtos avaliados, seis sofreram algum tipo de
aumento.
Como bem escreveu o economista Alberto Ramos, do
Goldman Sachs, em relatório para clientes ontem, os
dados não levam ninguém a apertar o botão do pânico.
Mas o mercado já entendeu que os números divulgados
pelo IBGE sobre a inflação em fevereiro sacramentam a
data do início do novo ciclo de aperto dos juros: 17 de
março, a quartafeira da próxima semana, quando se
encerra a reunião de dois dias do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central.
A razão para isso é simples. Desde a última reunião do
presidente do BC, Roberto Campos Neto, com seus
colegas de diretoria, o cenário só se agravou: as
expectativas de inflação pioraram, o real ficou mais
fraco (e mais volátil) frente ao dólar e, mesmo com a
torcida da turma das mesas de operação, as
perspectivas fiscais do país vão na mesma toada.
Apesar dos panos quentes colocados pela torcida, a
PEC do auxílio emergencial está longe de se
transformar num exemplo de preocupação do
Legislativo e do Palácio do Planalto com a saúde das
contas públicas.
Conservador por natureza, o BC vai começar a apertar
o cinto agora, para fugir do botão do pânico mais à
frente.
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Roberto Campos Neto