Banco Central do Brasil
Revista Exame/Nacional - Capa
quinta-feira, 11 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
porque há interesse do regulador, o Banco Central do
Brasil, em fomentar um sistema financeiro mais
inclusivo, que gere maior competição e produtos
melhores.
Uma das iniciativas que mais devem ajudar a alcançar
esse objetivo é a abertura bancária, chamada de open
banking, e o open finance. O modelo parte do
pressuposto, já reconhecido pela legislação, de que o
dono de dados e de informações disponíveis em contas,
inclusive bancárias, é o cliente, não a instituição. O
open finance, então, permite que o usuário compartilhe
essas informações com outras entidades: aplicativos de
organização e gestão financeira, bancos, corretoras,
cooperativas de crédito, fintechs. Tudo debaixo dos
olhos do regulador.
Não gosta do aplicativo do banco? Ou até gosta, mas
nem tudo atende a suas necessidades? Basta autorizar
outro app a acessar os dados de sua conta. “É uma
área de oportunidade muito grande e pode impactar a
vida dos clientes de forma profunda, permitindo a
customização das experiências e maior liberdade de
consumir produtos e serviços”, diz Bruno Diniz, diretor
para a América do Sul da Financial Data & Technology
Association (FDATA).
Atualmente, o projeto está na primeira fase, em que as
empresas compartilham sua prateleira de produtos,
taxas, serviços e funcionamento de canais. Nas
próximas fases, a integração permitirá movimentar
valores, realizar investimentos e pagamentos usando
plataformas terceiras. No longo prazo, cada pessoa
poderá administrar a vida financeira com os bancos e as
empresas de que mais gostar, e que ofereçam melhores
produtos, condições e taxas.
Do lado das empresas, o compartilhamento de
informações soluciona outros problemas: fica mais fácil
saber o perfil de um cliente, conceder crédito com mais
precisão e entender as necessidades financeiras dele.
Também há mais competição. Sem a exclusividade das
informações, as empresas precisam oferecer produtos
melhores. Do contrário, o cliente insatisfeito pede e
transfere seus dados para outra instituição.
Se o Pix é um serviço com finalidade específica (fazer
pagamentos e transferências instantâneos), o open
banking é uma infraestrutura. O sistema é como a
internet, uma rede que permitiu que uma série de
aplicações fossem desenvolvidas.
De acordo com João André Pereira, chefe do
departamento de regulação do sistema financeiro do
Banco Central, o open banking e o open finance
promovem uma grande digitalização do sistema
financeiro, dentro de uma estrutura padronizada, as
chamadas APIs — sigla em inglês para interface de
programação de aplicação, uma tecnologia que permite
a uma empresa abrir o acesso a suas plataformas de
maneira segura. Pereira afirma que o impacto será para
todos, mesmo quem escolher não compartilhar
informações.
“O statu quo está mudando e isso bate nos grandes
bancos. É uma oportunidade para todos, com mais
facilidade de comparar preços e produtos”, diz. Nos
próximos meses, mais de 1.000 instituições, entre
bancos, provedoras de crédito, corretoras e
distribuidoras de títulos, terão de participar
obrigatoriamente do open banking.
Se algumas instituições correm para se modernizar,
existem outras que foram pioneiras. Startups como o
Guiabolso, que desde 2014 oferece um aplicativo de
gestão financeira, e o Gorila, que consolida carteiras de
investimentos em bancos e corretoras, estão na
vanguarda do movimento de unir dados e informações
em uma única plataforma. Elas passaram os últimos
anos firmando parcerias para prover serviços aos
usuários e têm expertise na análise das informações.
“Fazemos isso há muito tempo, temos uma baita