Banco Central do Brasil
Revista Exame/Nacional - Capa
quinta-feira, 11 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
setor, destaca-se a convergência de tecnologias de
pagamento, de texto e de conteúdo. Essa convergência
tende a resultar em um processo de verticalização de
diversos serviços em uma única cadeia. Também são
dignos de nota o avanço no uso de serviços de
processamento em nuvem e as inovações em moedas
eletrônicas. Essas mudanças têm contribuído para o
desenvolvimento de sistemas de pagamento
integralmente digitais.
Outra tendência importante é a integração dos sistemas
de negociação por meio de tecnologias como o
blockchain. Isso poderá abrir caminho para outro
processo que deverá aumentar a digitalização do
sistema financeiro: a tokenização de ativos. Isso
permitirá que o registro de ativos seja feito cada vez
mais de forma digital, e não de forma física. Uma
vantagem do registro digital é a possibilidade de
negociar ativos (inclusive ativos não financeiros) com
maior velocidade, transparência e segurança, e menor
custo. Ademais, esse tipo de registro possibilita maior
divisibilidade dos ativos, o que também facilita sua
negociação.
Nesse ambiente de inovações tecnológicas, o Banco
Central do Brasil (BCB) tem desenvolvido diversas
ações no âmbito da sua Agenda BC#, com vistas a
propiciar à população acesso a um mercado financeiro
seguro, eficiente, competitivo e inclusivo. Entre as
iniciativas da Agenda BC# para aumentar a digitalização
do Sistema Financeiro Nacional (SFN) estão o
desenvolvimento de um sistema de pagamento
instantâneo (Pix), a implementação do open banking e a
abertura do sandbox regulatório.
O Pix, que começou a operar em novembro de 2020,
permite pagamentos e transferências instantâneas 24
horas por dia, sete dias por semana. Novas
funcionalidades serão agregadas ao Pix futuramente,
que poderá, inclusive, operar como base para uma
plataforma digital multipropósito, provendo outros
serviços públicos de forma mais eficiente.
O open banking teve sua primeira fase lançada em
fevereiro de 2021, com a conclusão das quatro fases
prevista para dezembro de 2021. Como os
consumidores são titulares de seus dados cadastrais e
financeiros, o open banking permitirá que eles
transfiram essas informações que lhes pertencem para
outra instituição, a qualquer momento, em busca de
melhores produtos ou serviços a preços mais baixos.
Já o primeiro ciclo do sandbox regulatório teve suas
inscrições iniciadas em fevereiro de 2021, com a
implementação dos projetos que serão selecionados a
partir do segundo semestre deste ano. O sandbox
permitirá que modelos de negócios inovadores sejam
autorizados a operar em um ambiente restrito de testes
por prazo determinado, com regulamentação específica
e sob monitoramento do BCB. Os modelos que
obtiverem sucesso poderão receber autorização de
funcionamento após avaliação do regulador.
O avanço tecnológico nos meios de pagamento também
tem demandado que os próprios bancos centrais
evoluam para cumprir suas missões institucionais de
forma mais eficaz. Um marco dessa evolução será o
surgimento de moedas digitais emitidas por bancos
centrais. A moeda digital poderá servir como uma porta
de acesso para indivíduos desbancarizados e será um
importante fator de inclusão financeira, especialmente
em economias emergentes. No futuro, uma moeda
digital emitida pelo BCB será uma consequência natural
de avanços como o Pix, o open banking e a
modernização da legislação cambial.
Continuar assegurando a democratização do acesso ao
sistema financeiro ao mesmo tempo que promove a
inovação e a competição por parte das instituições
financeiras é um importante desafio para a construção
do sistema financeiro do futuro. Nesse sentido, o BCB
conta com a evolução tecnológica para tornar o SFN
mais seguro, eficiente, competitivo e inclusivo. A