Banco Central do Brasil
Revista Exame/Nacional - Capa
quinta-feira, 11 de março de 2021
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digitalização é um dos instrumentos mais eficazes que
temos para alcançar esses objetivos, sendo, portanto,
um dos pilares em nossa missão de zelar pela
estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro.
Mais do que curiosidade
A entrada de grandes empresas e investidores
institucionais fortalece o bitcoin e outros criptoativos
como alternativa de investimento para a pessoa física.
Mas é preciso sangue frio para enfrentar a volatilidade e
os riscos
Não é só a possibilidade de ganhar dinheiro que
transforma algo em um ativo de investimento. Se fosse,
jogos de azar e loterias poderiam ser considerados
assim, e obviamente não o são. Um investimento
precisa, necessariamente, de uma perspectiva de
valorização, apoiada em argumentos e dados reais. É
por isso que, quando a moeda virtual bitcoin foi lançada,
em 2009, com baixíssima liquidez e enormes
dificuldades operacionais, ela não era considerada um
investimento. Mas o tempo passou e, nesses 12 anos,
as coisas mudaram.
Líder de um mercado hoje avaliado em mais de 1,5
trilhão de dólares, o bitcoin se tornou uma poderosa
ferramenta. E tem se tornado uma classe de ativos de
investimento procurada por um número crescente de
investidores — ou pelo menos por aqueles com sangue
frio para suportar a alta volatilidade das criptomoedas
(como são chamadas as moedas digitais que usam
criptografia, como o bitcoin).
Atualmente, esse mercado oferece liquidez e facilidade
de acesso. Apenas no Brasil, existem mais de 35
corretoras de criptoativos, que movimentam cerca de
300 milhões de reais por dia, segundo o site Cointrader
Monitor, que faz esse acompanhamento. E, além do
próprio bitcoin, existem outras criptomoedas e outros
ativos com potencial de crescimento.
Isso não livra o investimento de riscos, é claro. Trata-se,
ainda, de uma classe de ativos nova, relativamente
restrita, volátil e cheia de incertezas. Mas o fato é que,
apesar dos altos e baixos, tem ficado claro que o bitcoin
e a tecnologia blockchain não vão desaparecer de uma
hora para a outra.
“Hoje, quando falamos de cripto, temos uma enorme
gama de ativos que podem ser enquadrados na
categoria, de moedas digitais a artigos colecionáveis e
valores mobiliários”, diz Nicholas Sacchi, head de
criptoativos da EXAME.
De um valor de alguns poucos centavos em 2011 para
quase 60.000 dólares em fevereiro de 2021, o bitcoin
mudou muito desde o seu surgimento, e isso vai além
do preço. Sua tecnologia se provou segura e eficiente. E
sua escassez e descentralização mostraram que a
criptomoeda pode ser uma fonte de proteção contra
ativos cujo preço varia de acordo com o humor, ou a
caneta, de empresas e legisladores.
Se os criptoativos eram, no início da década passada,
uma curiosidade, isso mudou completamente no ano
passado, com a entrada de grandes empresas e mais
investidores do varejo. Uma pesquisa recente, da
plataforma Crypto.com, mostra que há mais de 106
milhões de pessoas operando criptoativos no mundo. O
número é significativo quando comparado ao tamanho
do mercado alguns anos atrás, mas ainda incipiente
diante das centenas de milhões de pessoas que
investem em títulos, ações, ouro, dólar e afins.
Em 2017, quando o bitcoin chamou a atenção do
grande público pela primeira vez e seu preço chegou a
20.000 dólares, a alta foi impulsionada por pequenos
compradores. No ano passado, o movimento foi
impulsionado principalmente por empresas e grandes
investidores. Não por acaso, o número de carteiras com
mais de 1.000 bitcoins (equivalente a cerca de 50