Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Economia
quinta-feira, 11 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - FMI

Os preços das ações estão altos em relação aos lucros
das empresas, como naquela época. Há uma
desconfiança das instituições internacionais como a
ONU, que pareceria familiar para uma testemunha da
década de 1920. As relações raciais estão mais uma
vez tensas, embora os negros americanos estejam em
uma posição muito melhor do que estavam há um
século.


As tarifas de importação aumentaram com o presidente
Donald Trump, como aconteceu na década de 1920. E a
década de 1920 foi a primeira em que a população
urbana ultrapassou a população rural; na década de
2020, a zona rural branca se sente desprestigiada.


A década de 1920 não começou bem. A pandemia de
gripe espanhola, que matou cerca de 675.000
americanos em uma população de 100 milhões,
terminou, mas os Estados Unidos estavam mergulhados
em uma recessão. O milagre econômico dos anos 1920
só começou realmente em julho de 1921, quando a
recessão terminou, dando lugar a uma euforia.


Na metade de 2021, dependendo do progresso da
vacinação, provavelmente haverá um vislumbre desse
comportamento nos países ricos conforme as pessoas
saírem do confinamento, prontas para comemorar.
Economistas consultados pela Bloomberg preveem um
crescimento anual acima da média no produto interno
bruto americano, que pode atingir um pico de 4,7% no
terceiro trimestre. As indicações de que existe uma
demanda reprimida são muitas.


A empresa de cruzeiros marítimos Carnival planeja
iniciar as viagens em abril para seu maior navio de
todos os tempos, o Mardi Gras, com 5.200 passageiros.
Finalmente livres para fazer o que quiserem, os
americanos podem ficar parecidos com a Geração
Perdida dos anos 1920, que escolheu “viver no
momento puro, viver alegremente de gim e amor”, como
descreveu o crítico literário Malcolm Cowley.


Gim e amor são um coquetel poderoso, mas não
conseguirão sustentar uma década de crescimento. O
argumento a favor de uma repetição da década de 1920
é que o bloqueio da pandemia acelerou a adoção de
tecnologias como videoconferência e comércio digital,
que continuarão pagando dividendos muito depois de o
vírus ter sido vencido. Uma pesquisa global da
consultoria McKinsey revelou que as empresas
avançaram sete anos na participação de produtos
digitais em suas receitas em relação ao que era
esperado antes da pandemia.

O difícil em prever o progresso tecnológico é descobrir
onde estamos na curva de adoção. Por exemplo, os
robôs. A palavra foi cunhada em 1920 por um
dramaturgo tcheco, Karel Capek, mas um século depois
os robôs não corresponderam às esperanças — ou
temores. Demorou 13 anos, de 2005 a 2018, para que o
número de robôs industriais dobrasse nos Estados
Unidos, segundo a Federação Internacional de
Robótica.

Para um pessimista, isso é quase um platô. Para um
otimista, isso significa que os robôs ainda estão na parte
inferior da curva de adoção e estão prontos para
decolar. Analistas do mercado de ações mais
pessimistas dizem que a expansão da força de trabalho
e os ganhos em educação não correspondem aos da
década de 1920, e os avanços da tecnologia da
informação e da biotecnologia, embora impressionantes,
não estão à altura das tecnologias que impulsionaram o
crescimento há um século. Como disse o investidor
Peter Thiel em sua famosa frase: “Queríamos carros
voadores, mas em vez disso ficamos com [redes sociais
de] 140 caracteres”. (O limite é de 280 caracteres agora,
mas mesmo assim...)

Para o americano médio, a vida mudou mais de 1920 a
1929 do que provavelmente mudará de 2020 a 2029. A
energia elétrica nos deu geladeiras, máquinas de lavar e
Free download pdf