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Banco Central do Brasil

Revista Isto É Dinheiro/Nacional - Capa
sexta-feira, 12 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

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Autor: Sérgio Vieira


O Programa Nacional de Imunizações, criado há quase
meio século, era tido como Referência mundial antes de
ser demolido pelo governo Bolsonaro. O atraso nas
compras de doses e a falta de celeridade nas
aplicações leva o país ao recorde mundial no número de
óbitos e corrói a expectativa de retomada da economia
brasileira.


A operação é de guerra. De contar mortos e buscar
saídas para conter a devastação. Na quarta-feira (10), o
Brasil alcançou a triste e vergonhosa marca de 2.349
mortos pela Covid-19 em 24 horas, a mais alta desde o
início da pandemia. Morre um brasileiro pela doença a
cada 40 segundos. Em 16 estados, a taxa de ocupação
nas UTIs já passa de 90%. Os números levaram o Brasil
ao epicentro da doença no planeta, ultrapassando os
Estados Unidos em mortes diárias. Só que, ao contrário
de muitos países, o Brasil tinha uma arma vital para
enfrentar essa guerra, que a administração Jair
Bolsonaro conseguiu a façanha de desmontar: o
Programa Nacional de Imunizações (PNI), criada em
1973 para combater a epidemia da meningite e que
virou referência mundial de eficiência em campanhas de
vacinação em massa. Para que o PNI funcione é
necessário o insumo principal, a vacina. E é aí que entra
o maior problema. O programa, que chegou a imunizar
10 milhões de crianças em um único dia contra a
poliomielite no início dessa década, sofreu para
conseguiu chegar à marca de 10 milhões de vacinados
contra a Covid-19. Desde que as primeiras doses da
Coronavac, imunizante produzido pela chinesa Sinovac
em parceria com o Instituto Butantan, começaram a ser
aplicadas no Brasil, em 17 de janeiro, foram 46 dias
para o País fazer o que fazia em apenas um.


A sabotagem do governo com o programa vem de
longe. Em 15 de agosto, a administração Bolsonaro
recebeu a primeira das três propostas feitas pela
farmacêutica Pfizer no ano passado — todas ignoradas
— para fornecimento de 70 milhões de doses, que


começariam a ser entregues a partir de dezembro. Mas
só no início desta semana um acordo foi firmado com o
laboratório para compra de 14 milhões de doses. O
CEO global da farmacêutica, Alberto Boula, participou
de reunião virtual com Bolsonaro e equipe do governo,
incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes. Não
foi revelado o valor da compra. Nos Estados Unidos, a
dose custa US$ 19,50. No início da semana, a
companhia informou que espera obter receita de US$
15 bilhões com a venda global do imunizante em 2021.

Em uma tentativa de acalmar o mundo empresarial e os
mercados, coube a Paulo Guedes anunciar, após a
conversa, o acordo para fornecimento das primeiras 14
milhões de doses até junho. A previsão é de 99 milhões
em 2021. A Pfizer disse que o Brasil é um de seus
“parceiros mais valiosos e importantes globalmente” e
que está comprometida com o acesso equitativo às
vacinas no mundo. Carlos Murillo, que até o mês
passado era o presidente da Pfizer no Brasil e passou a
comandar a operação da farmacêutica na América
Latina, disse à DINHEIRO em novembro que estava
“em contato com o governo brasileiro para discutir um
possível fornecimento da (até então) potencial vacina,
que permitiria vacinar milhões de brasileiros”. O
imunizante da Pfizer é, até aqui, o único com registro
definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).

O lamentável desmonte do Plano Nacional de
Imunizações pelo tem cobrado uma conta alta em vidas
humanas e seu impacto na economia poderá
comprometer ainda mais a saúde dos brasileiros. Para o
ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que
deixou o cargo por discordar da atuação de Bolsonaro
frente a pandemia, as chances de correção da rota são
pequenas. “Quando mudar o governo, algumas ações
do SUS terão de ser recolocadas em seu lugar. Uma
delas é o Programa Nacional de Imunizações”, afirmou
à DINHEIRO (leia entrevista à página 34). Isso porque,
na gestão atual, falta humildade para reconhecer os
erros. Na quarta-feira (10), durante sanção do projeto de
lei que garante a possibilidade de o Brasil comprar
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