Banco Central do Brasil
Revista RI/Rio de Janeiro - CAPA
quarta-feira, 10 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Selic
Somente nos primeiros dois meses deste ano, foram 15
IPOs - CSN Mineração, Eletromidia, Orizon, OceanPact,
Cruzeiro do Sul Educacional, Westwing, Bemobi Tech,
Focus Energia, Jalles Machado, Mobly, Mosaico,
Intelbras, Espaçolaser, Vamos e HBR Realty, que
captaram mais de R$ 25 bilhões. E a fila para novas
aberturas é grande. Segundo dados do final de
fevereiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
tinha sob análise 38 pedidos de IPOs protocolados.
Então, por conta desse rápido avanço no mercado
acionário, está havendo uma “dança de cadeiras de
RIs”, que vem sendo assediados com diversas
propostas, e agora existe a necessidade de capacitação
de novos profissionais para essas áreas.
Segundo especialistas, principalmente os profissionais
seniores, aqueles com bastante know-how na linha de
frente das companhias, são escassos.
“Nunca recebi tanta demanda para preencher cargos de
Relações com Investidores, desde o nível de
coordenação até de diretoria. Porém, hoje, tem mais
oferta de vagas do que quantidade de profissionais
disponíveis. Há muita dificuldade para acessar pessoas,
que já estão alocadas”, diz Rui Furtado, managing
partner da ForGood, consultoria especializada em
soluções de recrutamento de executivos. Em menos de
um ano e meio, ele preencheu sete vagas de RIs. Para
se ter uma ideia do avanço, nos nove anos anteriores,
ele atuou em cinco colocações. “Além dos IPOs, muitas
empresas estão se estruturando para se atualizarem em
procedimentos ESG (Environment, Social and
Governance).
Frequentemente, as perguntas sobre ESG têm entrado
pelos canais de RI das empresas. A Cosan, por
exemplo, criou uma célula de ESG dentro da área de
Relações com Investidores. “Nos preparamos para
comunicar da melhor forma as nossas iniciativas ESG,
não somente com os investidores, mas pensando em
todos os stakeholders. Há um ano e meio, entrou na
nossa área uma pessoa 100% dedicada e, há poucos
meses, contratamos mais uma analista em questões
ESG”, afirma Phillipe Casale, gerente executivo de RI e
Comunicação da Cosan. A área também teve
recentemente a contratação de mais um analista de RI.
Portanto, o time passou a ser de sete pessoas – uma
diretora, dois gerentes, dois analistas de RI e dois
analistas com foco em comunicação de ESG. De acordo
com Casale, nos últimos anos, a Cosan procurou
desenvolver talentos internos. “Olhamos basicamente
para dentro, buscando pessoas que tivessem skills
necessários dentro da companhia para formar para a
área de RI. Foi um caminho mais fácil para encontrar
pessoas com conhecimento de base da empresa, do
setor, da regulação e do ambiente competitivo”, diz.
“Vemos que a área de RIs está bastante aquecida no
eixo São Paulo-Rio de Janeiro”, destaca Diego Godoy,
headhunter e sócio da Recrutamento Fácil. De maneira
geral, nas áreas de RI, governança e compliance as
remunerações aumentaram em função da alta
demanda. Atualmente ele vê dois desafios em relação
ao setor de RI que são o déficit de qualificação de
profissionais e o fato de alguns estarem migrando para
outros segmentos, como planejamento estratégico,
novos negócios e fusões e aquisições, que também
estão aquecidos. Conforme Godoy, a função de RI
exige muita flexibilidade e alta disponibilidade dos
profissionais para prepararem e transmitirem as
informações sobre a companhia, e quando eles não se
adaptam a essa dinâmica e à tensão do dia a dia,
acabam procurando outros trabalhos.
“Existem muitas oportunidades, mas é fundamental
ajudar os candidatos a se prepararem para se encaixar.
Os profissionais precisam entender se possuem, de
fato, perfis aderentes às vagas. Não adianta só se
prepararem tecnicamente e contarem com um bom
networking, pois se não tiverem o tipo de
comportamento adequado, a caminhada é frustrada”,
avalia Ana Chauvet, proprietária do Instituto Ana