120
CENA 7 ∙ EXT. ∙ FAVELA/TERRENO BALDIO ∙ DIA
O dia amanhece com muito choro e gritaria. O corpo de uma jovem
é encontrado por moradores num terreno baldio próximo ao barraco
em que o HOMEM dorme. Ela está irreconhecível, o rosto desfigurado,
vestindo somente uma camiseta escrito RESPEITEM AS MINA.
MORADORA 1: AAAAAAAHHHHHHHH...
MORADORA 2 (CHORANDO): Meu Deussssssss, que cena horrível!
Coitada! O que fizeram com essa menina?
MORADORA 3 (CHORANDO): Pelo jeito, parece que foi estuprada, né?
MORADORA 4: Só Jesus na causa. Que Ele tenha piedade dessa
alma e da família dela.
CENA 8 ∙ INT. ∙ BARRACO ∙ DIA
O barraco está mal-acabado e sujo. Dentro, somente uma velha
mesa, uma cadeira e, no canto, um colchão velho, onde o HOMEM
dorme. A gritaria e o choro das pessoas o acordam. Ele se levanta,
veste a calça, uma camisa, calça o chinelo, pega o jornal na mesa e
sai.
CENA 9 ∙ EXT. ∙ FAVELA ∙ NOITE
O HOMEM retorna. Ele vê que o corpo da jovem ainda continua lá;
agora, coberto com um lençol branco e velas acessas ao lado à
espera do IML. Ele entra em seu barraco.
CENA 10 ∙ INT. ∙ BARRACO ∙ NOITE
O HOMEM está deitado em seu colchão olhando para o teto.
O HOMEM (V.O.)
Não quero que meu moleque cresça aqui. Quero que ele tenha
uma vida segura, tá ligado? Não quero ver ele crescer com um
oitão na cintura e nem ser esculachado pela PM com uma PT na
cabeça.
Lua cheia no céu. Sentado na cadeira, O HOMEM a observa através
da janela aberta do seu barraco.